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Deportados reclamam de maus-tratos
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de 17 brasileiros que
foram deportados de Miami para
Guarulhos (SP) reclamaram ontem de maus-tratos do serviço de
imigração norte-americano.
Todas as pessoas do grupo já
haviam trabalhado de alguma
forma no país, e a maioria tinha ficado nos EUA com o prazo de
permanência expirado.
Segundo Frank, 24, que não
quis ser identificado, na segunda-feira ele pegou um avião em Guarulhos, com destino a Miami.
Após ficar algumas horas na fila
de imigração, foi levado a uma sala onde havia cerca de 50 estrangeiros. "Tinha gente de vários lugares, mas, pouco a pouco, foram
ficando só os brasileiros", afirma.
Os brasileiros disseram que sofreram humilhações em Miami,
sem nenhum direito de defesa. "O
inspetor nos levou para um lugar
que era praticamente uma cela,
sem direito a um telefonema."
Segundo os deportados, o tratamento recebido foi "terrorista",
com entrevistas que duraram cerca de quatro horas. Só na noite de
terça-feira eles foram colocados
em vôos de volta para o Brasil.
Segundo o delegado Paulo Cezar de Oliveira, da Polícia Federal,
é comum os brasileiros alegarem
falta de respeito das autoridades
norte-americanas. O que acontece, diz, é que os brasileiros, muitas
vezes, viajam para conseguir trabalho de forma ilegal nos EUA.
Dos 17, cinco estavam com visto
vencido, oito já haviam passado
do prazo permitido em visitas anteriores ao país, dois tiveram outros problemas com prazo de permanência, um com imposto e outro tinha cumprido pena nos EUA
por ter mantido relações sexuais
com uma menor de idade.
O próprio Frank já havia passado três temporadas nos Estados
Unidos. Dessa vez, afirma, foi para "trabalho e turismo". Ele diz
que faz distribuição de ferramentas e que ia visitar empresas para
tentar fazer importações.
O adido de imprensa da Embaixada dos EUA, Terry David Son,
disse que não tem comprovação
dos maus-tratos do serviço de
imigração. Disse que as queixas
aumentaram porque subiu também o número de brasileiros ilegais nos EUA. Segundo a embaixada, 3.105 brasileiros foram flagrados tentando cruzar a fronteira em 2001, contra 350 em 1992.
O número de queixas no exterior registradas por brasileiros em
casos de deportação foi de 2.659
em 2000. No ano passado, o número subiu para 3.899.
(ANA GABRIELA DICKSTEIN)
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