São Paulo, quinta-feira, 04 de abril de 2002

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TÚNEL DO TEMPO

Vestibular completa 91 anos após muitas mudanças

Folha Imagem
Cerca de 14 mil pessoas fazem o vestibular da PUC-SP, em 1973, no Anhembi


DESDE DE 1911, OS EXAMES JÁ FORAM ORAIS, ATÉ COM AMPULHETA PARA CONTROLAR O TEMPO, E CHEGARAM A TER 600 TESTES NA DÉCADA DE 60

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Amanhã o vestibular completa 91 anos, e durante esse período passou por muitas mudanças. No começo, em 1911, o então ministro da Justiça e de Negócios Interiores, Rivadávia da Cunha Corrêa, estabeleceu que o ingresso no ensino superior deveria ser feito por um exame de admissão, com prova oral e escrita, mas cada instituição tinha sua próprio seleção.
Antes de Rivadávia, para entrar na faculdade era preciso cursar o equivalente ao ensino médio no Colégio D. Pedro 2º ou em outras poucas instituições reconhecidas. O nome vestibular só seria usado a partir de 1915.
De lá até a década de 50, não houve muitas modificações, mas o vestibular era totalmente diferente do que o candidato enfrenta atualmente. Em 1928, por exemplo, o médico e professor aposentado Walter Leser, de 92 anos, entrou na faculdade de medicina, segundo ele, por "sorte".
A primeira fase era escrita e, para ser aprovado, era preciso tirar nota superior a cinco em duas das três provas. Na segunda etapa, o candidato tinha de responder oralmente a uma pergunta, com o tempo controlado pelo examinador por meio de uma ampulheta.
No caso de Leser, a pergunta tratava de embriologia.
"Embriologia era uma das poucas matérias que eu sabia. Se fosse pedido outro ponto, não teria passado. Amigos meus muito mais bem preparados não foram aprovados", disse ele.
O vestibular só iria sofrer mudanças mais representativas em 1954, quando Leser, que já era professor da EPM (Escola Paulista de Medicina -hoje Unifesp), convenceu os diretores da faculdade a adotar os testes de múltipla escolha nos exames de admissão (leia entrevista na página ao lado).
Aos poucos, os testes, hoje uma das formas mais conhecidas de vestibular, passaram a ser usados por outras instituições no país.

Vestibular unificado
Se hoje quem pretende ser médico, por exemplo, tem de enfrentar uma maratona de provas de diversas instituições, de 1965 até a fundação da Fuvest (em 1976) isso não ocorria. Naquele ano, foi feito o primeiro vestibular unificado, chamado Cescem (Centro de Seleção de Candidatos às Escolas Médicas), que chegou a fazer vestibular para mais de 20 instituições da área de biológicas. Depois surgiram o Cescea, para humanas, e o Mapofei, para exatas.
Para os vestibulandos que reclamam hoje do número de questões da Fuvest (160), a prova do Cescem pode parecer uma tortura. No total, havia mais de 600 testes.
A disputa por vagas é mais um dos aspectos que evidenciam a diferença entre os vestibulares antigos e os atuais. Em 65, o Cescem teve 3,7 candidatos para cada vaga, bem menos do que os 97 para o curso de medicina da Unesp no último vestibular.
Naquela época, o exame exigia apenas uma nota mínima para a aprovação, mas com o aumento da concorrência, em 1968, o exame passou a ser classificatório, como ainda é hoje.
Outra nova e importante mudança ocorreu em 1996, quando as instituições ficaram livres para escolher seu processo seletivo. Com isso, surgiram novas formas de vestibular, como provas eletrônicas e análise de currículo, principalmente na rede privada.



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