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HISTÓRIA
Humanidade combina guerra e desenvolvimento
CLÁUDIO RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Guerra e desenvolvimento. Essa
aparente contradição foi, na
verdade, uma constante combinação ao longo da história da humanidade e é percebida ainda hoje. No século 5º a.C., Atenas viveu
essa situação de forma intensa ao
comandar as Guerras Médicas
contra o Império Persa, a partir
das quais impôs sua hegemonia
ao mundo grego, e ao participar
da Guerra do Peloponeso, na qual
foi derrotada por espartanos e
seus aliados.
Durante o conflito com os persas, ao comandar a Confederação de Delos, a economia de
Atenas desenvolveu-se intensamente. O tesouro de
Delos serviu, na prática, para gerar empregos
e incrementar
todas as atividades produtivas na cidade. É
verdade que a economia ateniense estava em crescimento antes da
guerra, fruto do desenvolvimento
mercantil, porém, durante o conflito, todo ateniense trabalhava e
recebia uma remuneração, o que
dinamizava a economia urbana.
A hegemonia ateniense sobre a
maioria das cidades gregas consolidou sua posição econômica. Essa situação retratava, na verdade,
o imperialismo exercido pela cidade, que se impunha às demais
do ponto de vista não apenas econômico mas militar.
Esse é o "século de Ouro", também conhecido como "século de
Péricles". O principal governante
de Atenas nesse período foi o responsável por incentivar o desenvolvimento artístico e intelectual
na cidade. A arquitetura foi incrementada; sob o patrocínio de homens ricos, desenvolveu-se o teatro, que reafirmou a visão humanista dos atenienses sobre o mundo. A filosofia, apoiada no racionalismo, conheceu significativa
expansão, estimulando a reflexão
e, ao mesmo tempo, a conscientização sobre a cidadania, sobre o
"ser ateniense".
Enfim, o imperialismo reforçou
a cultura da superioridade já existente entre os habitantes da Ática.
Situação semelhante encontramos em outros momentos da história e em especial no mundo
contemporâneo, em que percebemos a importância da guerra como meio de manter não apenas a
hegemonia de uma nação mas os
privilégios de um pequeno grupo
de indivíduos, que, na maioria
dos casos, se julgam superiores a
outros povos.
Claudio Recco é coordenador do site
www.historianet.com.br e professor
do Objetivo
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