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ACESSO RESTRITO
Apenas 1,7% dos isentos são aprovados na Fuvest
DOS 7.848 ALUNOS QUE FIZERAM EXAME SEM PAGAR A INSCRIÇÃO, SÓ 131 CONSEGUIRAM VAGAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas 1,7% dos 7.848 candidatos que prestaram Fuvest no ano
passado sem pagar a taxa de inscrição foram aprovados nas três
primeiras listas de chamada da
USP. Apenas 131 isentos passaram no processo seletivo, sendo
104 em primeira chamada.
As informações fazem parte de
um estudo do Naeg (Núcleo de
Apoio aos Estudos de Graduação)
com dados da Fuvest e do Coseas
(Coordenadoria de Assistência
Social da USP). Não foram computados os aprovados em outras
instituições que também escolhem seus estudantes pela Fuvest.
O curso com mais isentos aprovados foi letras, com 47 nas três
chamadas realizadas pela USP.
A inscrição no ano passado custou R$ 56, além dos R$ 7 do manual. Para conseguir a isenção, o
candidato deveria ter renda familiar de no máximo R$ 275 e ter
cursado o ensino fundamental e
médio em escolas públicas.
Para a vice-diretora-executiva
da Fuvest e professora da Faculdade de Educação da USP, Maria
Thereza Fraga Rocco, um dos
possíveis motivos para o baixo índice de aprovação dos isentos é a
qualidade do ensino médio e fundamental recebidos pelos estudantes da rede pública. "Na Fuvest, ficam explícitas as deficiências do ensino público", disse ela.
Maria Thereza ressalta, entretanto, que a porcentagem total de
aprovados vindos do ensino público é bem maior do que a dos
isentos. Segundo dados do Naeg,
no ano passado, 19% dos convocados para matrícula na USP em
primeira chamada estudaram em
escolas públicas.
A falta de condição financeira
para pagar um cursinho que compense as deficiências do ensino
médio não é uma explicação para
a baixa taxa de aprovação, segundo Maria Thereza. "A imensa
maioria dos pedidos de isenção é
feita por meio de cursinhos populares. São raros os estudantes que
fazem isso sozinhos."
Para o diretor-executivo do cursinho popular Educafro, frei David, a não-concessão de isenções
para treineiros é um dos fatores
que explicam o baixo aproveitamento. "Quem presta pela vestibular pela primeira vez costuma
errar parte das questões por causa
do nervosismo e da falta de experiência", diz ele, que afirmou ter
enviado carta à USP, reivindicando a isenção para os treineiros.
Segundo Maria Thereza, a carta
ainda não chegou ao conhecimento da Fuvest. Ela afirmou que
a instituição pretende ampliar a
política de isenções, "desde que as
pessoas provem que são carentes". O número máximo de candidatos que poderiam deixar de pagar a inscrição, entretanto, não
poderia ser muito grande. "A Fuvest depende financeiramente do
dinheiro das inscrições, que banca todo o nosso funcionamento."
Evasão
As bolsas surgem como uma
tentativa da universidade de evitar que os estudantes de baixa
renda aumentem as já altas taxas
de evasão registradas pela USP
(no ano passado, dos 7.354 aprovados, cerca de 1.800 desistiram).
"Nosso atendimento aos isentos
é o mesmo oferecido aos outros
estudantes, mas, como os critérios usados para determinar
quem não paga a inscrição são os
mesmos utilizados para conceder
bolsas, é natural que eles recebam
os benefícios", disse diretora da
divisão de promoção social do
Coseas, Marisa Lupe.
O Coseas, segundo Marisa, oferece atualmente 1.400 bolsas-moradia, 500 hospedagens de curta
duração, 1.100 bolsas-alimentação e 600 bolsas-trabalho.
O segundo curso com mais
isentos aprovados foi licenciatura
em matemática e física, com 12, e
depois geografia, com sete. Esses
estudantes também conquistaram vagas cursos mais concorridos como veterinária e economia.
(ANDRÉ NICOLETTI)
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