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VIOLÊNCIA
Ranking com 60 países aponta que assassinatos de pessoas entre 15 e 24 anos aumentou 48% na última década no país
Brasil é o 3º em morte de jovens, diz Unesco
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O índice de assassinatos de jovens de 15 a 24 anos no Brasil aumentou 48% na última década,
deixando o país em terceiro no
ranking da Unesco (Organização
das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), de 60 países com dados comparáveis.
Na população em geral, essa taxa (homicídios por 100 mil habitantes) cresceu 29% no período.
Das 45.919 pessoas assassinadas
em 2000, 17.762 eram jovens.
O estudo comprova que os jovens estão rapidamente se tornando as principais vítimas de
homicídios. Em 1991, foram 35,2
assassinatos para cada 100 mil jovens. Em 2000, a proporção passou para 52,1 homicídios para 100
mil (veja quadro nesta página).
O problema é mais grave nos
centros urbanos. Considerando
só capitais do país, a taxa de homicídios de jovens chegou a 98,8 a
cada 100 mil em 2000 -ou seja,
de cada mil jovens de uma capital,
um é assassinado. Os três Estados
com os índices mais altos são Rio,
Pernambuco e São Paulo. Na capital paulista, a taxa é de 138,8
mortes a cada 100 mil jovens.
Segundo o perfil traçado pela
Unesco, as maiores vítimas são
homens de 20 anos. Entre os jovens assassinados, 93% são homens. A idade em que mais foram
registrados homicídios em 2000
foi a de 20 anos -2.220 casos.
Para o governo federal, o aumento da violência entre jovens é
culpa da falta de compromisso
dos Estados e dos legisladores
com políticas para a faixa etária.
Para a Unesco, a culpa é de todos.
"É necessário que governadores
e legisladores assumam o problema. São necessárias políticas públicas sem demagogia inútil e criminosa", disse Paulo Sérgio Pinheiro, secretário Nacional de Direitos Humanos.
Ele cobrou da União o rigor usado no combate ao fumo e nas
ameaças de quebra de patentes de
remédios de Aids para o controle
de armas de fogo. "Não podemos
ficar à mercê de uma multinacional produtora de armas, uma
multinacional da morte", disse.
Segundo Jorge Werthein, representante da Unesco no Brasil, as
medidas podem ser adotadas "de
baixo para cima", começando pelas prefeituras. Caberia à União
juntar as iniciativas e implementar um programa global.
Apesar da necessidade de maior
investimento na prevenção e no
combate da criminalidade entre
jovens, os repasses federais de segurança pública para os Estados e
os municípios podem sofrer um
corte de cerca de R$ 100 milhões
neste ano (leia texto na pág. C1).
Acidentes e suicídios
A Unesco também avaliou fatores de violência entre jovens que
não são necessariamente "crimes": as taxas de suicídios e de
acidentes de trânsito. O número
de suicídios no país cresceu 30%
entre 1991 e 2000. O aumento foi
quase o mesmo entre jovens. Porém, as taxas de morte por suicídio em toda a população foi de 3,5
para 4 (por 100 mil) no período. O
país ficou em 52º lugar entre os
países analisados pela Unesco.
Apesar de o país ter tido mais
mortes por acidentes de carro
tanto entre jovens como na população total, as taxas de óbito diminuíram. Entre os jovens, caiu de
21,1 para 18,9 entre 1991 e 2000.
Para o sociólogo Jacobo Waiselfisz, responsável pelo estudo, isso
é resultado de uma lei de trânsito
mais eficiente.
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