São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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Entre 60 países, Brasil fica em terceiro em assassinato de jovens

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O índice de assassinatos de jovens de 15 a 24 anos no Brasil aumentou 48% na última década, deixando o país em 3º lugar no ranking da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), atrás de Colômbia e Porto Rico. A pesquisa envolveu 60 nações.
Na população em geral, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes cresceu 29% no período. Das 45.919 pessoas assassinadas em 2000, 17.762 eram jovens.
O estudo comprova que o jovem está se tornando a principal vítima de homicídios. Em 1991, foram 35,2 assassinatos para cada 100 mil jovens. Em 2000, essa proporção passou para 52,1.
O problema é mais grave nos centros urbanos. Considerando só capitais, a taxa de homicídios de jovens chegou a 98,8 a cada 100 mil em 2000; ou seja, de cada mil jovens que moram em capital, um é morto. Rio, Pernambuco e São Paulo têm os índices mais altos. Na capital paulista, são 138,8 mortes a cada 100 mil jovens.
As maiores vítimas são homens de 20 anos. Entre os jovens assassinados, 93% são do sexo masculino. A idade em que mais foram registrados homicídios em 2000 foi a de 20 anos -2.220 casos.

Jogo de empurra
Para o governo federal, o crescimento da violência entre jovens é culpa da falta de compromisso dos Estados e dos legisladores com políticas para a faixa etária. Para a Unesco, a culpa é de todos.
"É necessário que os governadores e os legisladores assumam esse problema. São necessárias políticas públicas sem demagogia inútil e criminosa", disse Paulo Sérgio Pinheiro, secretário Nacional de Direitos Humanos.
Ele cobrou do governo federal o rigor usado no combate ao fumo e nas ameaças de quebra de patentes de remédios de Aids para controlar armas de fogo. "Não podemos ficar à mercê de uma multinacional produtora de armas, uma multinacional da morte."
Segundo Jorge Werthein, representante da Unesco no Brasil, as medidas podem ser adotadas "de baixo para cima", começando pelas prefeituras. A União implementaria um programa global.
Mas os repasses federais de segurança pública para Estados e municípios podem sofrer um corte de cerca de R$ 100 milhões neste ano (leia texto nesta página).

Acidentes e suicídios
A Unesco avaliou fatores de violência entre jovens que não são necessariamente "crimes": as taxas de suicídios e de acidentes de trânsito. O número de suicídios no país subiu 30% de 1991 a 2000. O aumento foi quase o mesmo entre jovens. Mas a taxa de morte por suicídio em toda a população foi de 3,5 para 4 (por 100 mil) no período, deixando o país em 52º lugar no estudo da Unesco.
Houve redução nas taxas de óbito por acidente de carro. Entre jovens, caiu de 21,1 para 18,9 entre 1991 e 2000. Para o sociólogo Jacobo Waiselfisz, responsável pelo estudo, isso é o resultado de uma lei de trânsito mais eficiente.



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