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Entre 60 países, Brasil fica em terceiro em assassinato de jovens
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O índice de assassinatos de jovens de 15 a 24 anos no Brasil aumentou 48% na última década,
deixando o país em 3º lugar no
ranking da Unesco (Organização
das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), atrás de
Colômbia e Porto Rico. A pesquisa envolveu 60 nações.
Na população em geral, a taxa
de homicídios por 100 mil habitantes cresceu 29% no período.
Das 45.919 pessoas assassinadas
em 2000, 17.762 eram jovens.
O estudo comprova que o jovem está se tornando a principal
vítima de homicídios. Em 1991,
foram 35,2 assassinatos para cada
100 mil jovens. Em 2000, essa proporção passou para 52,1.
O problema é mais grave nos
centros urbanos. Considerando
só capitais, a taxa de homicídios
de jovens chegou a 98,8 a cada 100
mil em 2000; ou seja, de cada mil
jovens que moram em capital, um
é morto. Rio, Pernambuco e São
Paulo têm os índices mais altos.
Na capital paulista, são 138,8 mortes a cada 100 mil jovens.
As maiores vítimas são homens
de 20 anos. Entre os jovens assassinados, 93% são do sexo masculino. A idade em que mais foram
registrados homicídios em 2000
foi a de 20 anos -2.220 casos.
Jogo de empurra
Para o governo federal, o crescimento da violência entre jovens é
culpa da falta de compromisso
dos Estados e dos legisladores
com políticas para a faixa etária.
Para a Unesco, a culpa é de todos.
"É necessário que os governadores e os legisladores assumam
esse problema. São necessárias
políticas públicas sem demagogia
inútil e criminosa", disse Paulo
Sérgio Pinheiro, secretário Nacional de Direitos Humanos.
Ele cobrou do governo federal o
rigor usado no combate ao fumo e
nas ameaças de quebra de patentes de remédios de Aids para controlar armas de fogo. "Não podemos ficar à mercê de uma multinacional produtora de armas,
uma multinacional da morte."
Segundo Jorge Werthein, representante da Unesco no Brasil, as
medidas podem ser adotadas "de
baixo para cima", começando pelas prefeituras. A União implementaria um programa global.
Mas os repasses federais de segurança pública para Estados e
municípios podem sofrer um corte de cerca de R$ 100 milhões neste ano (leia texto nesta página).
Acidentes e suicídios
A Unesco avaliou fatores de violência entre jovens que não são
necessariamente "crimes": as taxas de suicídios e de acidentes de
trânsito. O número de suicídios
no país subiu 30% de 1991 a 2000.
O aumento foi quase o mesmo
entre jovens. Mas a taxa de morte
por suicídio em toda a população
foi de 3,5 para 4 (por 100 mil) no
período, deixando o país em 52º
lugar no estudo da Unesco.
Houve redução nas taxas de
óbito por acidente de carro. Entre
jovens, caiu de 21,1 para 18,9 entre
1991 e 2000. Para o sociólogo Jacobo Waiselfisz, responsável pelo
estudo, isso é o resultado de uma
lei de trânsito mais eficiente.
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