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Condenado prefere a cadeia à rua
CLAUDIO LIZA JUNIOR
FREE-LANCE PARA FOLHA CAMPINAS
A vida na cadeia pode não ser
tão ruim quanto parece. Foi pensando assim que o desempregado
Alexandre Benedito Grossi, 28, foi
preso no início da tarde de anteontem tentando escalar a muralha da cadeia de Jundiaí (60 km de
São Paulo) para ficar preso.
Grossi disse à polícia que era
procurado por roubo e, como não
havia sido preso até anteontem,
tentou entrar, por conta própria,
na cadeia. "A vida aqui fora está
muito difícil", declarou Grossi, na
ocorrência do caso registrada no
7º Distrito Policial de Jundiaí, à
qual a Folha teve acesso.
Na cadeia de Jundiaí, Grossi está
dividindo o espaço com outros
244 detentos, que ocupam uma
área que daria para 183 pessoas.
O desempregado foi detido por
dois PMs depois de cair do muro
que tentava escalar. Ele sofreu leves escoriações nas pernas.
Grossi foi levado à delegacia pelos policiais e, segundo o boletim
de ocorrência, ficou "extremamente feliz" quando o escrivão
comprovou, na ficha criminal do
desempregado, que ele tinha um
mandado de prisão expedido pela
3ª Vara Criminal de Jundiaí.
Caso inusitado
"Realmente foi um caso inusitado. Normalmente, quando um foragido é detido, nós registramos a
ocorrência como captura de pessoa procurada. Não sei se foi o caso, mas esse registro também foi
classificado dessa forma", afirmou o delegado do 7º DP, Luís
Carlos Branco.
O delegado seccional de Jundiaí,
Paulo Bicudo, disse que Grossi era
procurado por furto desde 14 de
maio de 2001. "Ele [Grossi" também já foi detido por porte de entorpecentes", afirmou.
Segundo Bicudo, Grossi estava
alcoolizado quando tentou escalar o muro e entrar na cadeia.
Apesar da vontade de permanecer na cadeia, o desempregado
deve ser solto nos próximos dias.
"A pena que foi aplicada a ele
era por furto e pode ser cumprida
em regime semi-aberto. Já pedimos à Justiça que seja elaborado
um contramandado de prisão para que ele seja solto", afirmou o
delegado seccional.
Bicudo disse que a Justiça deve
dar ao desempregado uma pena
alternativa.
Grossi, se não quisesse, não seria preso. Segundo o delegado
seccional, depois de condenado à
revelia (sem comparecer ao julgamento), ele só seria detido depois
de se apresentar a um juiz.
Grossi, no entanto, preferiu o
caminho mais curto, pulando o
muro da cadeia.
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