São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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Juiz vê clima tenso em Benfica

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O juiz da Vara de Execuções Penais Carlos Augusto Borges, que esteve ontem na Casa de Custódia de Benfica (zona norte do Rio), informou que "o clima ainda é tenso" e que detentos estão "muito agitados" pois "acreditam que ainda haja armas escondidas". Uma pistola e um revólver foram achados ontem de madrugada.
Em nota, Borges contou que conseguiu demover os presos de fazer greve de fome. "[Eles estão] espremidos num setor, enquanto o resto [da unidade] está sem condições de manter detentos."
O juiz pediu a transferência de presos ameaçados, o que, segundo o governo, ocorrerá hoje. "A visão, o cheiro, as queixas dos feridos, tudo é impressionante", diz na nota o juiz, que criticou a corrupção dos seguranças. "Não se pode criticar a falta de segurança. É mais uma lição que aprendemos: não basta fazer cadeias seguras e tomar conta dos presos. Temos também de tomar conta dos que tomam conta dos presos."

Enterros atrasados
A pedido da direção do IML (Instituto Médico Legal), covas foram preparadas ontem no cemitério do Caju (zona portuária) para o enterro dos presos mortos na rebelião. Mas, dos 19 mortos já identificados, apenas três foram sepultados desde anteontem e um deverá ser enterrado hoje.
A distribuição dos corpos por quatro IMLs da região metropolitana, a inexistência de uma lista dos detentos que sobreviveram e a não-identificação de 11 dos 30 mortos confirmados oficialmente estão atrasando os enterros.
Para localizar corpos, parentes têm de percorrer todos os IMLs, já que funcionários não dão informações por telefone.
Em estado avançado de decomposição, 11 corpos não puderam ser identificados por impressão digital. Será preciso fazer exames de DNA, mas só após eles serem reconhecidos por familiares.
A Secretaria de Administração Penitenciária informou que concluiu ontem à noite o recenseamento dos presos e que contou 812 homens. Segundo a nota, no início da rebelião, no sábado, havia 868 detentos -e não 869, como havia sido informado anteriormente. A secretaria diz que 30 morreram, 13 estão hospitalizados e 13 fugiram. Quatro dos fugitivos foram recapturados, mas enviados a outras unidades.


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