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Juiz vê clima tenso em Benfica
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O juiz da Vara de Execuções Penais Carlos Augusto Borges, que
esteve ontem na Casa de Custódia
de Benfica (zona norte do Rio),
informou que "o clima ainda é
tenso" e que detentos estão "muito agitados" pois "acreditam que
ainda haja armas escondidas".
Uma pistola e um revólver foram
achados ontem de madrugada.
Em nota, Borges contou que
conseguiu demover os presos de
fazer greve de fome. "[Eles estão]
espremidos num setor, enquanto
o resto [da unidade] está sem condições de manter detentos."
O juiz pediu a transferência de
presos ameaçados, o que, segundo o governo, ocorrerá hoje. "A
visão, o cheiro, as queixas dos feridos, tudo é impressionante", diz
na nota o juiz, que criticou a corrupção dos seguranças. "Não se
pode criticar a falta de segurança.
É mais uma lição que aprendemos: não basta fazer cadeias seguras e tomar conta dos presos. Temos também de tomar conta dos
que tomam conta dos presos."
Enterros atrasados
A pedido da direção do IML
(Instituto Médico Legal), covas
foram preparadas ontem no cemitério do Caju (zona portuária)
para o enterro dos presos mortos
na rebelião. Mas, dos 19 mortos já
identificados, apenas três foram
sepultados desde anteontem e um
deverá ser enterrado hoje.
A distribuição dos corpos por
quatro IMLs da região metropolitana, a inexistência de uma lista
dos detentos que sobreviveram e
a não-identificação de 11 dos 30
mortos confirmados oficialmente
estão atrasando os enterros.
Para localizar corpos, parentes
têm de percorrer todos os IMLs,
já que funcionários não dão informações por telefone.
Em estado avançado de decomposição, 11 corpos não puderam
ser identificados por impressão
digital. Será preciso fazer exames
de DNA, mas só após eles serem
reconhecidos por familiares.
A Secretaria de Administração
Penitenciária informou que concluiu ontem à noite o recenseamento dos presos e que contou
812 homens. Segundo a nota, no
início da rebelião, no sábado, havia 868 detentos -e não 869, como havia sido informado anteriormente. A secretaria diz que 30
morreram, 13 estão hospitalizados e 13 fugiram. Quatro dos fugitivos foram recapturados, mas
enviados a outras unidades.
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