São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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TRANSPORTES

Manifestantes temem que meia passagem seja restringida; vidros na fachada da prefeitura foram destruídos

Protesto de estudantes tumultua Fortaleza

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Manifestantes destruíram a pedradas a fachada da Prefeitura de Fortaleza, ontem de manhã. Eles protestavam contra a implementação do sistema de bilhete eletrônico nos ônibus municipais. Dois carros da Guarda Municipal foram tombados e queimados.
Entre manifestantes e guardas municipais, pelo menos 15 pessoas ficaram feridas -nenhuma com gravidade. A polícia deteve 41 pessoas -27 adolescentes. Os outros 14 foram indiciados por crime de depredação com agravante de uso da violência.
O protesto foi organizado por um fórum de estudantes secundaristas de escolas públicas e privadas, do qual participam 30 grêmios. Também fazem parte sindicatos e movimentos políticos.
Segundo a portaria 13-C da Ettusa, empresa que coordena o transporte coletivo em Fortaleza, a partir de julho vales-transporte de papel serão substituídos por cartões eletrônicos. O temor é que haja demissões e a limitação da meia passagem para estudantes.
O protesto começou às 9h. Cerca de 5.000 pessoas, segundo organizadores -2.000, para a Guarda Municipal- percorreram 4 km até a prefeitura.
Uma comissão queria entrar no prédio para falar com o chefe de gabinete do prefeito Juraci Magalhães (PMDB), que está na Europa. O chefe de gabinete, Wualde Oliveira Filho, disse que a comissão deveria procurar a Ettusa. A primeira pedra foi jogada contra o prédio e começou a confusão.
A sede da prefeitura, de dois andares, é revestida por janelas de vidro. A repressão partiu da Guarda Municipal, com cassetetes e escudos -o batalhão de choque da PM só chegou no final da confusão, que durou cerca de 40 minutos. Um tiro foi disparado antes da chegada da PM, mas não se sabe quem foi o autor.
Para a prefeitura, os alunos são usados como massa de manobra, por ser ano eleitoral. "Vamos procurar os autores intelectuais dessa ação", disse Rômulo Leitão, procurador do município.
Alguns manifestantes portavam bandeiras do PSTU. Apesar disso, o grupo nega que o protesto tenha fundo político. "O que causou tudo isso foi a arrogância da prefeitura", disse Fausto Pinheiro, do Sindicato da Construção Civil.
Para o estudante de direito Gabriel Huland, do Movimento Ruptura Socialista e um dos detidos, a polícia procurou "bodes expiatórios". "Eu não participei da confusão. Fomos agredidos pela polícia, com algemas e abuso de autoridade."


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