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TRANSPORTES
Manifestantes temem que meia passagem seja restringida; vidros na fachada da prefeitura foram destruídos
Protesto de estudantes tumultua Fortaleza
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Manifestantes destruíram a pedradas a fachada da Prefeitura de
Fortaleza, ontem de manhã. Eles
protestavam contra a implementação do sistema de bilhete eletrônico nos ônibus municipais. Dois
carros da Guarda Municipal foram tombados e queimados.
Entre manifestantes e guardas
municipais, pelo menos 15 pessoas ficaram feridas -nenhuma
com gravidade. A polícia deteve
41 pessoas -27 adolescentes. Os
outros 14 foram indiciados por
crime de depredação com agravante de uso da violência.
O protesto foi organizado por
um fórum de estudantes secundaristas de escolas públicas e privadas, do qual participam 30 grêmios. Também fazem parte sindicatos e movimentos políticos.
Segundo a portaria 13-C da Ettusa, empresa que coordena o
transporte coletivo em Fortaleza,
a partir de julho vales-transporte
de papel serão substituídos por
cartões eletrônicos. O temor é que
haja demissões e a limitação da
meia passagem para estudantes.
O protesto começou às 9h. Cerca de 5.000 pessoas, segundo organizadores -2.000, para a
Guarda Municipal- percorreram 4 km até a prefeitura.
Uma comissão queria entrar no
prédio para falar com o chefe de
gabinete do prefeito Juraci Magalhães (PMDB), que está na Europa. O chefe de gabinete, Wualde
Oliveira Filho, disse que a comissão deveria procurar a Ettusa. A
primeira pedra foi jogada contra
o prédio e começou a confusão.
A sede da prefeitura, de dois andares, é revestida por janelas de
vidro. A repressão partiu da
Guarda Municipal, com cassetetes e escudos -o batalhão de
choque da PM só chegou no final
da confusão, que durou cerca de
40 minutos. Um tiro foi disparado
antes da chegada da PM, mas não
se sabe quem foi o autor.
Para a prefeitura, os alunos são
usados como massa de manobra,
por ser ano eleitoral. "Vamos procurar os autores intelectuais dessa
ação", disse Rômulo Leitão, procurador do município.
Alguns manifestantes portavam
bandeiras do PSTU. Apesar disso,
o grupo nega que o protesto tenha
fundo político. "O que causou tudo isso foi a arrogância da prefeitura", disse Fausto Pinheiro, do
Sindicato da Construção Civil.
Para o estudante de direito Gabriel Huland, do Movimento
Ruptura Socialista e um dos detidos, a polícia procurou "bodes expiatórios". "Eu não participei da
confusão. Fomos agredidos pela
polícia, com algemas e abuso de
autoridade."
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