São Paulo, Sexta-feira, 04 de Junho de 1999
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MÁFIA DA SÉ
Para advogado, autorização da Justiça para que polícia ouça deputado mostra que não há indícios contra ele
Interrogatório é retrocesso, diz defesa de Garib

SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local

O advogado do ex-vereador e deputado estadual Hanna Garib (sem partido) classificou como "retrocesso" a autorização dada pela Justiça para que ele seja investigado pela polícia.
Para Alberto Rollo, a atitude evidencia que a Procuradoria Geral e o Tribunal de Justiça não encontraram nada contra seu cliente no inquérito que investigou a máfia da propina na Regional da Sé.
"O caminho correto é polícia, Ministério Público e Justiça. Esse caso está andando para trás porque ninguém achou indícios contra o deputado. Todos estão há 90 dias analisando suas contas e nada. Mas eles têm vergonha de arquivar o caso e admitir a inocência de Hanna Garib", disse o advogado.
Garib controlou politicamente a Sé até o começo deste ano. Durante as investigações da rede de corrupção na regional, ele foi apontado por testemunhas e acusados do caso como destinatário da maior parte da propina arrecadada.
Mas a polícia não pôde ouvi-lo porque, como deputado, ele tem imunidade parlamentar -benefício constitucional que restringe a alguns órgãos o poder de investigar deputados e senadores.
Por esse motivo, o caso foi encaminhado à Procuradoria Geral de Justiça, que pediu ao TJ que autorizasse o interrogatório. O TJ, então, determinou que o deputado seja investigado e ouvido pela polícia.
O interrogatório será conduzido pelo delegado Romeu Tuma Jr. e deve ocorrer na próxima semana.
Depois do interrogatório, o inquérito será encaminhado ao procurador-geral Luiz Antônio Marrey, que decidirá se pede ou nãoabertura de processo criminal contra o deputado. Ainda assim, a instauração do processo, que só pode ser feita pelo TJ, tem que ser autorizada pela Assembléia.
Ontem, o vice-presidente do Tribunal de Justiça, Amador da Cunha Bueno Netto, disse que a autorização para que Garib seja investigado pela polícia não tem relação com a existência ou não de indícios contra ele.
Segundo Cunha Bueno, a decisão foi tomada para que, se o processo for instaurado, a Justiça já tenha todos os elementos necessários.


Colaborou João Carlos Silva, da Reportagem Local

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