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SAÚDE
Prefeito exonera por justa causa diretor que apontou falhas em hospital de Guarulhos onde morreram 5 bebês
Demitido médico que denunciou maternidade
da Reportagem Local
O diretor clínico do Hospital
Maternidade Municipal de Guarulhos (Grande São Paulo), Cid Vieira Franco de Godoy Filho, foi exonerado ontem "por justa causa"
pelo prefeito Néfi Tales (PDT).
Havia pelo menos dois meses
que Godoy Filho vinha denunciando por meio da imprensa e ao
CRM (Conselho Regional de Medicina) as más condições de atendimento do hospital, geradas
principalmente pela falta de investimentos.
No final de semana passado, cinco bebês morreram na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal do hospital (leia texto abaixo).
Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Guarulhos, Godoy Filho foi demitido por ter
"desacatado" seus superiores.
Por orientação do setor jurídico
do Sindicato dos Médicos de São
Paulo, o diretor do hospital não
concedeu entrevistas à imprensa
para comentar sua exoneração.
Em protesto contra a decisão de
Néfi Tales, os médicos do hospital
ameaçam entrar em greve na próxima quarta-feira, caso a exoneração não seja revista (leia texto nesta página).
Para o presidente da entidade,
José Erivalder de Oliveira, a demissão foi "injusta e arbitrária".
Ontem pela manhã, técnicos da
Vigilância Sanitária da Secretaria
de Estado da Saúde voltaram a vistoriar o hospital.
A vistoria foi realizada para confirmar se o hospital vem atendendo às orientações da própria secretaria para melhorar o atendimento
à população.
Entre as recomendações da secretaria estão a interdição da UTI
neonatal e pediátrica e a incineração de medicamentos vencidos.
O resultado da vistoria de ontem
não foi divulgado pelos técnicos
da Vigilância Sanitária nem pela
assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde.
Desde a morte dos bebês, o hospital só vem prestando atendimentos de urgência e emergência.
O atendimento de bebês foi transferido para o hospital Leonor
Mendes de Barros, no Belém (zona sudeste de São Paulo).
Denúncias
A principal denúncia de Godoy
Filho é que o hospital enfrenta um
déficit de 50% no quadro de pessoal de enfermagem e de 20% no
de médicos. Em recente entrevista, ele disse que "faltam materiais
básicos, os filtros de ar dos berços
da UTI estão vencidos e exames
que deveriam demorar 40 minutos
se estendem por seis horas".
Ele não descarta nem mesmo
uma relação entre as mortes dos
bebês e as más condições do hospital. "Não podemos afirmar nem
negar que os bebês tenham sido
vítimas de infecção hospitalar. Se
estivessem em outro hospital, com
melhores condições, talvez tivessem sobrevivido."
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