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BARBARA GANCIA
Sorria você está sendo filmado
Temos mais é de aplaudir o
voyeurismo digital que pega
no pulo bandidos e gente
da laia de Mel Gibson
ALÔ, VOCÊ, FERNANDO
Vanucci! Não disse que
outros casos bem mais
cabeludos do que o seu chegariam a galope?
O tal vídeo com o apresentador esportivo da RedeTV!
enrolando a língua e falando
fora de contexto que tanto sucesso fez no site You Tube é
fichinha perto das imagens de
Mel Gibson que circulam,
desde domingo, pelos sites de
fofocas.
Bem, não é de hoje que nós
sabemos que o fundamentalista Gibson consegue a façanha de pertencer a dois clubes aparentemente
distintos, o da ralé e o dos bilionários de Hollywood.
Pois, nestes dias de conflito
avassalador no Oriente Médio, é preciso que fique bem
claro que gente como Mel
Gibson faz parte da escória
humana junto com todos os
outros fanáticos, oportunistas e demagogos religiosos da
laia dele.
Para quem não sabe, na última sexta, o ator de "Do Que
as Mulheres Gostam" foi preso por dirigir embriagado e,
depois de tentar a cartada "sabe com quem está falando?",
passou a ofender o policial
que o prendeu, um judeu, dizendo, entre outros impropérios, que os judeus são "bastardos" e que teriam começado "todas as guerras do mundo".
Mel não podia ter tomado
seu porre em hora pior. Junte
às acusações de anti-semitismo contra o filme dirigido por
ele, "A Paixão de Cristo", as
afirmações "in vino veritas"
de sexta-feira passada e coloque tudo no contexto atual.
Só um milagre fará com que
Mel Gibson não vire persona
non grata nos estúdios entre
Sunset Boulevard e a fronteira com o México.
É impossível ficar alheio ao
que está acontecendo no Líbano e, nas últimas semanas,
desde que o conflito entre o
Hizbollah e Israel teve início,
muita gente já tomou partido
de um lado e de outro. Mas,
hoje, aqui neste espaço, nós
não vamos entrar no mérito
da questão. Reservo-me apenas o direito de lembrar que
Israel é o único estado democrático do Oriente Médio e de
recomendar ao leitor que lê
inglês o livro "The Case for Israel", do professor de Direito
de Harvard Alan Dershowitz,
para que ele possa compreender melhor a violência da
retaliação israelense.
Hoje, aqui neste acanhado
canto de página, o assunto
ainda é a invasão de privacidade proporcionada pela internet e pelas inovações tecnológicas. Veja só: ontem, as
câmeras do novo sistema de
monitoramento da Guarda
Civil Metropolitana instaladas no centro (serão 35 até o
final de agosto) flagraram cenas de uso de cocaína em plena av. Ipiranga e imagens da
venda de celulares roubados
na av. São João.
Assim como os londrinos,
estamos nos acostumando a
sorrir ao sermos filmados na
banca de jornal, no elevador e
no estacionamento. A contrapartida da nossa perda de privacidade deve ser a exigência
de que as autoridades aprendam com os desacertos já cometidos. Tal e qual os londrinos, não queremos ser surpreendidos por erros fatais,
como aquele em que as imagens gravadas fizeram supor
que Jean Charles de Menezes
era um terrorista.
De minha parte, enquanto
as câmeras da polícia e dos celulares de anônimos servirem
para pegar no pulo bandidos
ou pães bolorentos como o
senhor Gibson, eu aplaudirei
de pé o voyeurismo digital.
barbara@uol.com.br
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