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"Polêmico é deixar meninos em lugar inadequado"
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de ter colocado em liberdade sete adolescentes que cometeram crimes considerados
graves, o juiz Wander Pereira
Rossette Júnior não considera polêmica a sua decisão. "Polêmico é
deixar os meninos em um lugar
inadequado", disse.
O juiz justifica a determinação
dizendo que as celas da cadeia onde os menores estavam recolhidos estavam em más condições de
manutenção e que, após a rebelião, o local teria se tornado inadequado para receber adolescentes.
Rossette também explica a sua
decisão tendo como base o Estatuto da Criança e do Adolescente.
"A lei prevê essa possibilidade.
Naquele momento era preciso decidir se era caso de mandá-los para a Febem, se era caso de liberá-los ou inseri-los em algum programa. Não poderia mantê-los lá
porque o local se tornou insalubre", afirmou.
Segundo o magistrado, a decisão foi uma medida cautelar, como uma liminar, porque a Vara
da Infância e Juventude tem por
hábito só decretar internação do
adolescente em último caso.
O objetivo da liberdade, de
acordo com o juiz, é inserir os
adolescentes em instituições adequadas na cidade, próximos dos
pais e da família, em programas
de acompanhamento desenvolvidos pelas entidades Seame e Recanto da Esperança.
Outra alternativa seria a instalação de um NAI (Núcleo de Atendimento ao Infrator), entidade ligada à Febem e mantida pelo poder público local. "Estamos com
projetos em andamento para instalação de um NAI na cidade. Já
estamos escolhendo o local onde
o imóvel ficará", disse.
Como não há um núcleo adequado, os adolescentes são encaminhados para outras entidades
que trabalham com jovens.
"Quando são encaminhados para
liberdade assistida eles devem ser
apresentados nas instituições pelas mães e, caso não compareçam
em até um mês, são tomadas outras medidas, como determinar o
recolhimento novamente."
Outra vez
Em fevereiro do ano passado,
após um tumulto envolvendo cinco adolescentes infratores que estavam detidos nas celas da delegacia de Piracicaba, Rossette também mandou soltá-los.
A decisão teve de ser refeita por
determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo, após recurso do
Ministério Público Estadual. O
tribunal entendeu que, por conta
da gravidade dos fatos cometidos
pelos adolescentes, eles não poderiam ser colocados em liberdade,
mas transferidos para outra unidade de internação provisória,
por provocarem insegurança para a coletividade.
Assim, Rossette teve de mandar
recolher novamente os cinco adolescentes que ele havia liberado
dias antes. "Isso aconteceu no ano
passado. Recorrer é um direito do
Ministério Público. Se porventura
o tribunal entender que é melhor
recolhê-los novamente, eu cumpro a decisão. Não tem nenhum
problema", afirmou.
(FB)
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