São Paulo, domingo, 04 de setembro de 2005

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PEQUENOS EM TRANSE

Atividade lúdica diminui trauma da criança até ao tirar sangue

Brincar relaxa, confirma pesquisa

DA REPORTAGEM LOCAL

O ato de brincar antes de procedimentos invasivos, como tirar sangue, pode reduzir o estresse das crianças internadas ou que passam por ambulatórios. É o que indica uma pesquisa do Hospital Infantil Cândido Fontoura, da Secretaria da Saúde.
Na prática, os profissionais sabem que a resposta é afirmativa, mas as pesquisas são necessárias para embasar investimentos públicos nessa área. Neste mês, entra em vigor uma lei federal determinando que todas as unidades de saúde que atendem crianças tenham brinquedotecas.
Realizado no primeiro semestre deste ano, o estudo avaliou 150 crianças de quatro a 14 anos de idade que faziam tratamento na unidade. Metade do grupo teve acesso à brinquedoteca antes de tirar sangue -a outra, não.
Como o procedimento invasivo com agulha normalmente é considerado fator de tensão, os pesquisadores queriam avaliar se o fato de brincar antes da picada ajudaria as crianças a ficar menos estressadas.
Foram medidos os níveis de cortisol sérico, substância do sangue que indica o estresse. Os resultados mostraram que o nível médio de cortisol no grupo de crianças que teve acesso à brinquedoteca foi menor do que o do grupo que não brincou.
Segundo a terapeuta ocupacional Clarisse Potasz, coordenadora da pesquisa, o estudo também demonstrou que os brinquedos podem reduzir o estresse infantil causado por doenças respiratórias do sono. Do grupo avaliado, 35% apresentam algum distúrbio quando dormem, como apnéia -na literatura internacional, o índice é de 5% a 7%.
Crianças com distúrbios respiratórios que brincaram tiveram nível médio de cortisol de 9,81 ug/dl (micrograma/decilitro), enquanto a média do grupo que não brincou foi de 12,37 ug/dl.
A partir de agora, a equipe vai avaliar o efeito dos brinquedos nas crianças internadas. No Cândido Fontoura, até os pequenos que passam pela área de isolamento do hospital, em razão de doenças infecto-contagiosas, não ficam sem brincar.
Nesses casos, são usados brinquedos descartáveis. Os demais, passam por um processo diário de desinfecção para evitar a contaminação cruzada.
Os brinquedos também são usados em atividades de fisioterapia. Andar de bicicleta, por exemplo, vira treino para os membros inferiores e também é um exercício indicado às crianças com problemas pulmonares.
Outra atividade que encanta as crianças, segundo Potasz, é o tour pelo hospital. Elas são levadas para conhecer a cozinha, a lavanderia e as outras dependências da instituição. (CC)


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