São Paulo, domingo, 04 de setembro de 2005

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PASSEI POR ISSO

A gente prefere estar bonito a cuidar da saúde

A neurose do culto ao corpo está exposta no cotidiano das pessoas diariamente. Ao olhar tantos corpos bonitos você percebe que o seu biotipo é diferente e quer ser igual aos outros. Foi o que aconteceu comigo. Me achava muito magro para a minha altura [1,80 m] e tinha dificuldades para viver relacionamentos.
Como sou homossexual, a cobrança é ainda maior porque no mundo gay o culto ao corpo é mais evidente. Quando tinha 23 anos [hoje tem 35] comecei a malhar para ganhar massa muscular, mas não via resultados. Meu instrutor sugeriu que eu usasse anabolizantes.
Foi impressionante porque consegui um resultado estético imediato e passei a ser mais paquerado. Ganhei muita massa muscular, mas mesmo assim eu achava insuficiente, eu precisava de mais músculos. Fiquei viciado em anabolizantes.
Ao mesmo tempo senti o prejuízo emocional e na saúde: sabia dos riscos de doenças renais e hepáticas, além do risco de eu ter câncer no fígado e na próstata. O problema é que a gente prefere estar bonito a cuidar da saúde. Ninguém está preocupado em saber o prejuízo que isso poderá trazer no futuro.
Chegou uma hora em que não dava mais e fui procurar ajuda no grupo de tratamento de pessoas com vigorexia do Hospital das Clínicas. Estou em tratamento há dez meses e não uso anabolizantes desde janeiro, mas ainda não estou satisfeito com o meu corpo. Estou começando a entender meu problema e não vou abandonar o barco.


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