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PASSEI POR ISSO
A gente prefere estar bonito a cuidar da saúde
A neurose do culto ao
corpo está exposta no cotidiano das pessoas diariamente. Ao olhar tantos corpos bonitos você
percebe que o seu biotipo
é diferente e quer ser igual aos
outros. Foi o que aconteceu comigo. Me achava muito magro
para a minha altura [1,80 m] e
tinha dificuldades para viver relacionamentos.
Como sou homossexual, a cobrança é ainda maior porque
no mundo gay o culto ao corpo é
mais evidente. Quando tinha 23
anos [hoje tem 35] comecei a
malhar para ganhar massa
muscular, mas não via resultados. Meu instrutor sugeriu que
eu usasse anabolizantes.
Foi impressionante porque
consegui um resultado estético
imediato e passei a ser mais paquerado. Ganhei muita massa
muscular, mas mesmo assim eu
achava insuficiente, eu precisava de mais músculos. Fiquei viciado em anabolizantes.
Ao mesmo tempo senti o prejuízo emocional e na saúde: sabia dos riscos de doenças renais
e hepáticas, além do risco de eu
ter câncer no fígado e na próstata. O problema é que a gente
prefere estar bonito a cuidar da
saúde. Ninguém está preocupado em saber o prejuízo que isso
poderá trazer no futuro.
Chegou uma hora em que não
dava mais e fui procurar ajuda
no grupo de tratamento de pessoas com vigorexia do Hospital
das Clínicas. Estou em tratamento há dez meses e não uso
anabolizantes desde janeiro,
mas ainda não estou satisfeito
com o meu corpo. Estou começando a entender meu problema
e não vou abandonar o barco.
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