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Avião caiu em círculos, diz testemunha
Três trabalhadores de fazenda contaram que, naquele momento, as asas do jato estavam intactas, segundo delegado
Em depoimento ao policial, um deles comparou a queda da aeronave ao movimento conseguido nas brincadeiras de aviãozinho de papel
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PEIXOTO DE
AZEVEDO (MT)
O delegado Luciano Inácio
da Silva, que preside o inquérito da Polícia Civil sobre o acidente entre o Boeing da Gol e o
Legacy, revelou ontem detalhes de três depoimentos colhidos com testemunhas oculares
da queda do avião na reserva indígena Capoto-Jarinã, em Peixoto de Azevedo (MT).
As testemunhas, trabalhadores da fazenda Madeiruna, vizinha da fazenda Jarinã, usada
como base para o resgate, estavam com uma betoneira ligada
"e não ouviram qualquer barulho", segundo Silva.
O delegado disse que um deles percebeu uma fumaça em S,
"parecida com a de um jato", e
chamou a atenção dos colegas.
"Eles relataram que, logo após a
fumaça, viram a aeronave, que
se movimentou para a esquerda e para a direita em círculos."
Os trabalhadores disseram
que, naquele momento, o avião
estava com as duas asas intactas, informou o delegado. Uma
das testemunhas -os nomes
delas não foram revelados-
comparou a queda da aeronave
ao movimento conseguido nas
brincadeiras de aviãozinho de
papel. "Esse depoimento é importante para identificar como
foi a queda", disse.
No início das buscas, os técnicos e peritos trabalhavam
com a hipótese de que o avião
tivesse caído de nariz. Anteontem, o coronel Jorge Amaral,
do setor de Comunicação da
FAB (Força Aérea Brasileira),
afirmou que a aeronave se despedaçou no ar. O fato de corpos
e destroços estarem em vários
locais pode confirmar essa tese.
Identificações
O perito criminal Zuilton
Bráz Marcelin, que recolhe
amostras e impressões digitais,
quando possível, e fotografa as
vítimas, disse que os corpos
achados ainda "possuem, tecnicamente, boas condições de
identificação".
"Esses novos corpos encontrados, é claro, estão em pior situação do que os dois primeiros
corpos, mas um rápido trabalho de resgate, que deve acontecer, não irá prejudicar a coleta
de materiais." Ele afirmou que
a maioria dos corpos está a 200
metros além do ponto da clareira aberta na floresta.
Ele não soube dizer o número exato de vítimas achadas,
mas disse que "os trabalhos de
resgate avançaram muito".
Os corpos são separados por
idade e sexo. Um caminhão frigorífico já está na base operacional, mas até o fim da tarde de
ontem não havia sido usado.
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