São Paulo, sexta-feira, 04 de dezembro de 2009

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Temporais continuarão a piorar, diz professor

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

É verdadeira a percepção de que os temporais em São Paulo estão cada vez mais fortes e frequentes e que eles são concentrados em bairros. E ainda: essa condição de clima tende a se agravar, diz Augusto José Pereira Filho, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP.
Segundo ele, o mesmo vem acontecendo com o granizo, os ventos e raios, sempre mais intensos do que décadas atrás.
Pereira Filho fez essa exposição durante seminário do Instituto de Engenharia, em 10 de novembro, em que mostrou imagens que chocaram os cerca de cem ouvintes. "Formam-se nuvens profundas e circulares, como superbombas atômicas."
O professor apresentou antes um diagnóstico de como o clima de São Paulo vem se adaptando à urbanização intensa e ao aquecimento global. Depois, mostrou como a combinação da umidade do oceano com as ilhas de calor que se formam, devido à falta de árvores, induzem a altos índices de chuva. "São Paulo está 2C mais quente, com menos umidade no ar e garoas. As tempestades e os raios estão mais violentos. E as chuvas mais fortes são as mais localizadas", afirmou.

Intensidade em dobro
A tese combina com o fato de que o temporal de ontem se concentrou na zona oeste e registrou o dobro de intensidade de uma chuva "forte", segundo o meteorologista Kleber da Rocha Filho, do Saisp (Sistema de Alerta a Inundações de SP).
O maior índice foi registrado nas proximidades da Cidade Universitária da USP, com 37 mm (37 litros por m2) em 40 minutos. "Se durasse uma hora, a chuva chegaria a entre 50 mm e 60 mm. É muita coisa", disse. Ou seja, em uma hora a chuva alcançaria perto de um terço do previsto para todo o mês de dezembro (200 mm).
Foi o que ocorreu na estação Consolação do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências). No bairro, no centro, foram 55 mm em uma hora.
Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), no verão as chuvas devem variar entre as categorias normal a acima da normal na maior parte da região Sudeste.
O paulistano vai continuar enfrentando calor e chuva até pelo menos o fim de semana, prevê o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).


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