São Paulo, sexta-feira, 04 de dezembro de 2009

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Exército e Correios agora guardam provas do Enem

Esquema de segurança foi reforçado para reduzir risco de nova fraude no exame

Após o Enem, no sábado e no domingo, as provas serão entregues para correção ao Cespe, ligado à UnB, e à Fundação Cesgranrio

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para reduzir o risco de nova fraude, o governo mudou o esquema de segurança do Enem, que será realizado no fim de semana, e decidiu armazenar as provas em quartéis do Exército e unidades dos Correios. O exame, que avalia o ensino médio e teve 4,1 milhões de inscritos, serve para o ingresso em instituições públicas e privadas.
A impressão foi feita em uma gráfica de Barueri (Grande SP), onde cada prova foi embalada em plástico e depois agrupada em malotes, que, por sua vez, foram postos em contêineres.
Da gráfica, eles foram transportados primeiro para unidades do Exército. Segundo informações do Inep, órgão responsável pela avaliação, e do Exército, as provas que não iriam ficar em São Paulo foram levadas até o aeroporto de Guarulhos e, em cada destino, levadas a 63 quartéis e 624 unidades dos Correios com escolta de militares ou de policiais rodoviários.
Desses locais, as provas só sairão no sábado, quando os alunos serão avaliados em ciências humanas e da natureza, e no domingo, para os exames de português, matemática e redação. O procedimento busca evitar que as provas sejam guardadas nas casas dos aplicadores do exame, o que havia acontecido em outubro, quando a segurança cabia a agentes privados.
Após o exame, os Correios entregarão as provas para que elas sejam corrigidas pelo Cespe, ligado à UnB (Universidade de Brasília), e pela Fundação Cesgranrio. A primeira entidade ficará responsável pela correção de todas as redações.
Originalmente, o Enem seria aplicado nos dias 3 e 4 de outubro, mas foi cancelado após a descoberta de vazamento.
O inquérito da Polícia Federal sobre o caso concluiu que exemplares da avaliação foram furtados na gráfica por funcionários contratados pelo consórcio que havia vencido a licitação para aplicar o exame.
O novo consórcio, formado por Cespe e Fundação Cesgranrio, foi contratado sem licitação, emergencialmente.
O MEC defende que não haja mais concorrência para a aplicação do exame. Nesse caso, o Cespe ficaria responsável por ele e poderia buscar ajuda de outros parceiros. O argumento é que, por integrar órgão público (a UnB), o Cespe poderia ser contratado sem licitação.
A proposta encontra resistência nos órgãos de controle. Marinus Marsico, procurador do Ministério Público no TCU (Tribunal de Contas da União), avisa que, se a contratação for feita dessa forma, ele deverá questioná-la, porque o Cespe não conseguiria dar conta do Enem todo e teria que subcontratar outra entidade. Dessa definição depende também a viabilidade da proposta do MEC de fazer duas edições do Enem em 2010. (ANGELA PINHO)


Colaborou a Reportagem Local


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