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Estatal dá benefícios a parceiros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estatal de comunicação Radiobrás decidiu passar a dar benefícios sociais aos parceiros do
mesmo sexo de seus funcionários.
A resolução estava em discussão
desde o final de 2003 e passou a
valer no fim de janeiro. Como outros dependentes, companheiros
homossexuais têm agora direito a
seis auxílios, como o de remoção
(em caso de transferência) e
reembolso de plano de saúde.
"Acreditamos ser a primeira
empresa pública da América Latina [a tomar essa decisão]", diz o
diretor jurídico da Radiobrás,
Bruno Vichi. A decisão é pioneira
entre empresas públicas e também no setor privado, segundo
sua área jurídica. A Radiobrás pôde tomar a decisão pois, apesar de
ser uma empresa pública, tem regime jurídico de direito privado.
Para receber os benefícios, será
usada a regra da união estável.
Mas, em vez de os parceiros terem
de registrar em cartório a união,
poderão apenas fazer uma declaração no setor de recursos humanos da empresa.
Vichi afirmou que desconhece,
até agora, a existência de pedidos
de inclusão de dependentes do
mesmo sexo por funcionários. A
decisão ganhou notoriedade antes mesmo que a Radiobrás pudesse explicar aos interessados
como devem proceder. A empresa tem mais de mil funcionários.
A Radiobrás informa que não
pode obrigar terceiros, como os
planos de saúde a ela associados, a
aceitar parceiros do mesmo sexo.
A decisão reacendeu a polêmica
dos direitos homossexuais no
Congresso Nacional. A Frente
Parlamentar Mista pela Livre Expressão Sexual, que reúne cerca
de 80 congressistas, pediu nesta
semana ao presidente da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP), a volta à pauta de projetos contra a discriminação sexual. Eles pretendem agora se reunir com as lideranças do Senado.
Para o deputado federal Luciano Zica (PT-SP), a decisão da Radiobrás mostra que o Legislativo
está atrás do Executivo e do Judiciário neste aspecto. "O que atrasa
o Congresso é o preconceito de alguns parlamentares", disse.
Para o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil),
Roberto Busato, a medida pode
ser inconstitucional -a lei não
prevê união homossexual.
A iniciativa reafirma direito já
concedido por prefeituras como a
de São Paulo e a de Recife, que reconhecem parceiros gays como
beneficiários de pensão.
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