São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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BARBARA GANCIA

A Barbie não abana o rabo

Está na hora de certos defensores dos pobres e oprimidos reverem seus conceitos. Como se já não fosse suficientemente medonho em si, o caso das mortes no Zoológico de São Paulo veio ainda para reforçar aquela ótica deturpada e demagógica que faz sucesso desde os tempos em que Duardo Dusek cometeu a música que mandava trocar o cachorro por uma criança pobre.
Dizer que a gente deveria estar mais preocupada com as crianças carentes do que com a morte dos animais do zoológico é usar de oportunismo para comparar alhos com bugalhos. Os animais do zoológico, assim como os monumentos históricos, são patrimônio da cidade. Quando se pensou em renovar a Pinacoteca do Estado, por acaso alguém levantou a bandeira de usar o dinheiro da reforma para ajudar as crianças pobres?
A comparação entre crianças e animais é preconceituosa, perniciosa e confunde valores morais. E defender uma causa em detrimento de outra é o cúmulo do "antimarketing", que serve estritamente para promover quem se dispõe a manipular as emoções dos menos esclarecidos.
Ao outro lado da moeda: li com a boca amarga a "Vejinha", de algumas semanas atrás, que falava do "boom" dos serviços para animais domésticos, negócio que movimenta R$ 14 bilhões ao ano.
Doceiras, banhos de ofurô e estúdios fotográficos não foram feitos para o usufruto de seres irracionais. E eles não se sentem mais felizes ou se "humanizam" se forem tratados como boneca Barbie ou o Falcon da infância.
O consumismo afanoso produziu donos de animais de estimação que não sabem interagir com os bichos e que lêem de forma equivocada os sinais que eles nos enviam. O resultado é a frustração dos donos e animais estressados, que logo serão substituídos por outros "brinquedos".
 
Gustavo Kuerten agradeceu à torcida do Aberto do Brasil e disse que não teria vencido sem sua ajuda. Fez muito mal o Guga. O público da final no Sauípe comportou-se de forma vergonhosa. O tênis não prevê a interferência da torcida. Influenciar o resultado na base de urros, buzinaço e batucada é prática altamente antiesportiva. Daqui a pouco, nenhum jogador que se preze vai querer vir jogar no Brasil.
 
Tropeçou o seriado "Um Só Coração". Quem conviveu com Ciccillo Matarazzo sabe que o criador da Bienal de São Paulo nunca usou gravata. Ciccillo era adepto fervoroso do "papillon".

QUALQUER NOTA

Só feras
Se a lista de craques do Pelé tivesse sido de pilotos da Fórmula 1, aposto um picolé de limão como dela teriam constado os nomes de Alex Yoong, Gaston Mazzacane e Andrea de Cesaris.

Gerúndio
A AmBev nasceu prometendo uma coisa e fez outra? Nesse caso, não é de espantar que a multinacional tapuia tenha escolhido como "parceira" uma empresa belga chamada Schiting.

Plastificados
Onde foi que o casal Catherine Zeta-Jones e Michael Douglas fez a "beauté" para a festa da entrega do Oscar? Em algum spa da Mattel?

E-mail - barbara@uol.com.br
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