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AMBIENTE
Com barragens e filtros, eles querem estancar o escoamento da carga tóxica que atinge os rios Pomba e Paraíba do Sul
Técnicos tentam conter derrame de resíduos
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATAGUASES
Técnicos dos órgãos ambientais
dos governos federal, mineiro e
fluminense iniciaram operações
emergenciais no ribeirão do Cágado, em Cataguases (MG), com
o objetivo de estancar o escoamento da mistura tóxica que continua atingindo os rios Pomba e
Paraíba do Sul e que já chegou ao
oceano Atlântico.
Na reunião que fizeram ontem
na cidade mineira, a ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva, e
os governadores Aécio Neves
(PSDB-MG) e Rosinha Matheus
(PSB-RJ) anunciaram as três
principais medidas emergenciais
que estão sendo tomadas, de maneira que as cerca de 700 mil pessoas do noroeste do Rio de Janeiro voltem a receber água tratada.
Os técnicos estão retirando resíduos acumulados às margens e ao
longo do Cágado, colocando-os
em pequenas barragens para conter a lama tóxica. Como o volume
de água no leito do Cágado é pequeno, porém contínuo, a carga
tóxica segue caindo no rio Pomba. Na confluência do ribeirão
com o Pomba foram instalados
filtros de carvão, serragem e areia
para conter o material excedente.
Na outra barragem da empresa
Cataguazes Florestal, que contém
700 milhões de litros da carga tóxica e pode romper com uma forte chuva, está sendo providenciada a transferência de parte do resíduo para uma outra caixa no
mesmo local, própria para isso. O
objetivo é aliviar o volume até que
seja dada uma solução definitiva.
Apesar das providências, ninguém se arrisca a estabelecer um
prazo para que as populações
atingidas no Estado do Rio voltem a receber água tratada. Aécio
Neves falou em "o mais rápido
possível". O vice-governador do
Rio, Luiz Roberto Conde, disse
que, estancado o vazamento,
aproximadamente 18 horas depois poderá ser possível retomar
o tratamento da água.
Além dessas medidas, no encontro se discutiu a situação da
empresa. Os políticos locais são
contra o fechamento da fábrica
Cataguazes de Papel, alegando
que isso significaria o desemprego de cerca de 350 pessoas.
Aécio e Marina disseram que esse assunto será levado em consideração pelos órgãos ambientais,
mas os governos de Minas e o federal não vão abrir mão de punição para os responsáveis pelo crime ecológico. "Não interessa a
ninguém que essas empresas deixem de existir", disse Aécio. "Vamos agir de acordo com a lei para
punir as responsabilidades. A
gente não precisa fazer o linchamento de ninguém. Vamos procurar uma saída para os trabalhadores, mas essa resposta os técnicos vão dar do ponto de vista ambiental", disse Marina.
A Indústria Cataguazes de Papel
obteve ontem liminar, concedida
pelo juiz José Ricardo de Oliveira,
que impede a suspensão das atividades da empresa. A Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) informou que irá recorrer.
A ministra anunciou a realização de um mapa para identificar
os passivos ambientais no país,
para que os órgãos possam se antecipar e evitar as tragédias. Ela
disse que o decreto proibindo a
pesca nos rios atingidos no Estado do Rio visa o acionamento dos
recursos, que devem vir do seguro-desemprego, para indenizar os
pescadores artesanais.
Os donos da Cataguazes Florestal e da Cataguazes Papel, Félix
Luís Santana Arencibia e João
Gregório do Bem, responsabilizados pelo crime ambiental, tiveram as prisões decretadas, mas
continuam "foragidos", segundo
a Polícia Federal.
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