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Vizinho de estação só usou metrô uma vez
Para ir para o trabalho em bairro vizinho, Ivan Santos, 29, prefere pegar carona ou tomar ônibus a usar a linha 5-lilás
Estação Vila das Belezas fica deserta a maior parte do dia; na quinta, às 17h, havia mais funcionários do que passageiros nas plataformas
DA REPORTAGEM LOCAL
Ivan Santos, 29, tem ao lado
de casa, há mais de seis anos,
uma estação de metrô nova,
limpa, vazia, trens com ar-condicionado e tarifa promocional.
Mas só a usou uma única vez,
"há uns dois ou três anos".
"Ela é bonita, é boa demais.
Mas por que eu iria usar? Se ela
ainda chegasse perto do centro", afirma Santos, que atua no
setor de limpeza e costuma pegar carona no caminhão de colegas do serviço para se deslocar de sua casa, na Vila das Belezas, zona sul de São Paulo, ao
trabalho, num bairro vizinho.
Ele elogia a conservação da
estação do metrô, mas a vê mais
como um enfeite do bairro.
Quando não tem carona para ir
ao serviço, diz que é mais fácil ir
de ônibus. Idem quando precisa ir à região central -já que a
linha 5-lilás acaba no Largo
Treze, região de Santo Amaro.
O plano do governo do Estado é ampliá-la até a Chácara
Klabin (com baldeações nas linhas 1 e 2). A futura linha 4-amarela também será uma alternativa em direção ao centro
-os usuários da linha 5 poderão chegar a ela por meio da linha 9-esmeralda da CPTM.
Entregue em 2002 pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB),
após ser construída ao custo de
US$ 646 milhões, a linha 5 já teve forte aumento de usuários,
de 50 mil por dia em 2005 para
quase 120 mil por dia em 2008.
Mesmo assim, mantém ociosidade, como na Vila das Belezas. "É muito boa porque dá para ir sentada e ainda dormindo", comemora Naiara Pereira
da Silva, 15, que trabalha numa
banca ao lado da estação.
Além de vazia, quem percorre suas plataformas percebe
que só há movimento no começo da manhã e no final da tarde.
No restante do dia, fica deserta.
Na última quinta-feira, por
volta das 17h, havia mais funcionários do metrô (dois seguranças) do que passageiros (só
um) nas plataformas. Uma funcionária do posto de carregamento do bilhete único chegava até mesmo a cochilar.
Jardins e flores no entorno,
calçadas limpas, lixeiras vazias
e nenhum camelô completavam a cena de tranquilidade ao
lado da Vila das Belezas.
O bilhete unitário para os
usuários da linha 5 é hoje de R$
2,45, R$ 0,10 abaixo da tarifa de
R$ 2,55 no restante da malha.
Um dos motivos da redução do
preço está ligado justamente à
tentativa de atrair os passageiros dos bairros do entorno, majoritariamente habitado por
população de baixa renda.
(ALENCAR IZIDORO)
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