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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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CAMPINAS

Inquérito do comando da força na cidade investigou uma operação com 13 soldados que resultou em duas mortes

PM aponta indício de crime em ação policial

DIOGO PINHEIRO
DA FOLHA CAMPINAS

O Inquérito Policial Militar concluído anteontem pelo comando da Polícia Militar de Campinas apontou indícios de homicídio na ação de 13 soldados da Rotac (Rondas Táticas de Campinas) que resultou na morte de dois rapazes, no último dia 6, no Jardim Anchieta, periferia da cidade.
Moradores do bairro e familiares de Willian Douglas Santos, 20, e Fabrício Francisco da Conceição, 24, acusam os policiais de terem matado os rapazes dentro dos carros da PM. Os policiais, que não tiveram seus nomes divulgados, afirmam que só atiraram após terem sido baleados pelas vítimas, ao atenderem a uma ocorrência de tráfico de drogas.
O IPM será apreciado pela corregedoria da corporação e encaminhado ao Tribunal de Justiça Militar, além da Polícia Civil, que também apura o caso. O Ministério Público Estadual acompanha as investigações.
Os 13 PMs ficaram detidos por dez dias no Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo, e foram liberados há duas semanas.
"Durante as investigações não houve fatos que apresentassem a necessidade da prisão preventiva dos policiais. Por isso, eles serão remanejados para serviços administrativos, enquanto não acontece o julgamento", afirmou o coronel Reynaldo Pinheiro Silva, comandante do CPI-2 (Comando da Polícia Militar do Interior).
Ainda de acordo com o comandante, o IPM não apontou se os homicídios foram dolosos (com intenção de matar), culposos ou se aconteceram em legítima defesa. "A conclusão do IPM tomou como base os depoimentos dos moradores do bairro, da família e também dos policiais", afirmou.
Após a análise da corregedoria, o comando da PM poderá instaurar um procedimento administrativo que poderá resultar na expulsão dos PMs, segundo a assessoria de imprensa da corporação.
O delegado do 2º Distrito Policial de Campinas, responsável pelo inquérito civil, Álvaro Santucci Noventa Júnior, afirmou que ainda não tinha conhecimento da conclusão do IPM. Hoje, ele vai ouvir o depoimento de mais quatro PMs.
O laudo do IML (Instituto Médico Legal) sobre as mortes apontou que dois dos sete tiros que atingiram as vítimas foram disparados à curta distância. Um tiro nessas condições pode ter sido disparado a uma distância que varia de centímetros a até um metro e meio da vítima, segundo o chefe do IML de Campinas, Ivan de Mello Pompeo Piza.


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