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"Escapei por pouco", diz tecelão
da Sucursal do Rio
O tecelão Romero de Paula, 24,
tinha planejado encontrar amigos
no Bar e Lanchonete Amizade anteontem para tomar cerveja. Às
22h30, saiu do trabalho, pegou a
bicicleta e foi para o bar.
No caminho, começou a ouvir os
tiros. Escondeu-se na rua, sem saber do que se tratava. Quando chegou ao bar, descobriu: gente morta, sangue por todo lado, feridos
em busca de socorro.
"Escapei por pouco, porque estava vindo para cá. Estava tudo coberto de sangue. Nenhum conhecido meu foi ferido, mas fiquei
com medo", disse.
Um mecânico -que prefere não
ser identificado, temendo represálias- entrou no bar para comprar
cigarros. Pagou e, quando saiu, viu
a chegada dos encapuzados.
Saiu correndo pela rua, ainda a
tempo de ver, no ponto do ônibus,
um rapaz -o contínuo Márcio Alves, enterrado ontem à tarde- ser
baleado com o filho nos braços.
"Não olhei muito, não parei para
pensar nem para ajudar. Quem
olhou muito ficou estendido no
chão com uma bala na cabeça."
Duas empregadas domésticas
que estavam na esquina do bar,
conversando, ouviram os disparos. Correram para dentro de casa.
A comerciante V. tinha ido ao
posto da PM, segundo ela, para dar
queixa do roubo de um cartão bancário. Quando ouviu os tiros, trancou-se no banheiro.
Na saída, testemunhou a invasão
do posto pelos fregueses apavorados do bar, que viram a noite de lazer se transformar em terror.
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