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ACORDO
Países vão montar arquivo comum com informações sobre carros furtados e pessoas com antecedentes criminais
Mercosul terá banco de dados sobre crimes
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
Os países do Mercosul (Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai),
junto com Bolívia e Chile, terão um
banco de dados comum sobre todos os seus carros furtados ou roubados e todas as pessoas que tenham antecedentes criminais.
A decisão foi tomada em reunião
fechada ocorrida no hotel Internacional, de Assunção, com objetivo
de definir uma atuação conjunta
em relação a questões referentes a
segurança, narcóticos e lavagem
de dinheiro.
Com isso e com a unificação normativa em outros itens (incluindo
a lavagem de dinheiro, cuja legislação comum será definida em dois
anos e terá a brasileira como modelo), a idéia é que, além de cair a
criminalidade, atos praticados em
um país não se tornarão impunes
por falta de tipificação penal em
outro.
O Brasil, por exemplo, considera
crime usar lucros oriundos do tráfico de drogas para a compra de
bens. Na Argentina, isso não é considerado crime.
A Agência Folha apurou que o tema tem sido um dos mais sensíveis
nas reuniões do Mercosul. Para
Brasil e Argentina, a "fronteira tríplice" (divisa com o Paraguai) é
considerada um foco de contrabando de armas, receptação de
carros e núcleos terroristas. Os paraguaios resistem em aceitar esse
conceito.
Os países demonstraram, durante a reunião, preocupação com um
eventual atentado terrorista na Copa América, a ser realizada a partir
do dia 29. Como o banco de dados
comum ainda não existirá, a alternativa será inspecionar cada carro
que passe pela fronteira, nos dois
lados, mesmo provocando demoradas filas.
Em reunião envolvendo ministros do Interior (no caso do Brasil,
o ministro da Justiça) dos seis países, as conclusões do encontro
ocorrido em Assunção servirão de
base para um documento oficial. A
reunião ocorrerá em agosto.
Quando estiver definido um sistema comum de informação e segurança, cada país terá de adaptar
suas leis. O ministro Renan Calheiros (Justiça) foi representado na
reunião de Assunção pelo consultor jurídico do ministério, Byron
Prestes Costa. Os outros países foram representados por consultores dos Ministérios do Interior.
O controle nos furtos e roubos de
carro é um elemento importante
até em relação a atividades terroristas. A Argentina acredita, por
exemplo, que os atentados ocorridos na Embaixada de Israel e na
Amia (Associação Mutual Israelita
Argentina) partiram de carros-bomba comprados no Paraguai.
O Cadastro Nacional de Veículos
Roubados mostra que, no Brasil,
em 1998, 244.606 carros foram
roubados ou furtados. Só em São
Paulo, foram 138.601. Desses carros, apenas 50% são recuperados.
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