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Cidade encolheu, afirmam pilotos
DA REPORTAGEM LOCAL
Pilotos de helicóptero e profissionais que sobrevoam São Paulo
com frequência dizem que a redução da luminosidade na cidade,
apontada pelas fotos do Inpe, pode ser vista a olho nu.
"São Paulo encolheu de tamanho à noite. Está com uma área
parecida com a de Porto Alegre",
afirma Gil Lopes Filho, arquiteto e
dono de uma empresa de helicópteros que sobrevoa a cidade quase
toda semana.
O piloto Carlos César Faleiros,
que presta serviços para a Rede
Globo, também concorda. Ele
conta que a redução das luzes é
mais notada na periferia, sobretudo em Guarapiranga e no Grajaú,
ambos na zona sul da cidade.
Mas a redução, afirma o piloto,
também atinge cartões-postais
como a avenida Paulista, na região central da cidade. "De longe,
não dá mais para ver as torres da
Paulista. Só ficaram acesas as luzes vermelhas anticolisão", diz.
Piloto há dez anos, com 6.700
horas de vôo, Faleiros afirma que
alguns pontos de referência para
quem voa de helicóptero já sumiram. Um deles é o terminal de
metrô em Itaquera, na zona leste
de São Paulo.
América Jacoto Junior, piloto de
helicóptero com mil horas de vôo,
conta que regiões inteiras da periferia desapareceram para quem
voa à noite. "Isso acontece mais
nas zonas sul e leste", afirma.
O desligamento é mais notado
na periferia por uma razão prosaica, de acordo com Carlos Longue, da Eletropaulo: "É que a periferia não é muito dotada de iluminação pública. A redução fica
mais perceptível porque as pessoas desligaram as luzes externas
das casas após o racionamento."
O maior choque para Jacoto Júnior, porém, foi a redução no brilho de São Paulo. Por duas vezes,
voltando de Sorocaba e outra do
litoral paulista, ele notou que a cidade estava mais "fosca".
"São Paulo tinha um brilho único, notado por qualquer um que
voa sobre a cidade", relata. Depois
do racionamento, segundo ele, os
pilotos se assustam com a redução da luminosidade. "Parece outra cidade", diz.
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