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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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HABITAÇÃO

Deve terminar hoje a desocupação de áreas invadidas por policiais e bombeiros; comandantes investigarão suposto motim

PMs voltam a fechar via em protesto no DF

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
SÉRGIO LIMA
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

Após dois dias de operação -sexta e ontem- para liberar lotes públicos invadidos por famílias de policiais militares e bombeiros em Taguatinga (23 km de Brasília), a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal pretende terminar hoje a desobstrução das últimas 47 áreas.
As famílias repetiram o ato de sexta e fecharam um trecho da principal avenida que liga Taguatinga a Ceilândia com pneus queimados. O trânsito ficou lento.
Contrário à invasão, o comando da PM e do Corpo de Bombeiros diz, em nota, ter aberto inquérito para apurar eventual crime de motim na resistência à desocupação e processo administrativo para identificar militares invasores.
A nota diz que o Conselho Tutelar será acionado por causa da presença de crianças na ação de resistência à liberação dos lotes.
Desde o início do ano, becos (terrenos usados como passagem entre ruas) começaram a ser invadidos por 400 policiais militares e bombeiros para pressionar o governo do DF a retomar o programa habitacional da categoria.
A legislação local prevê a distribuição de lotes para policiais, que estava suspensa desde a eleição. Há cerca de um mês, o governo anunciou que 700 áreas seriam distribuídas, mas há cerca de 3.700 famílias cadastradas.
Na semana passada, o governador Joaquim Roriz (PMDB) determinou a derrubada das construções irregulares e a desobstrução dos becos em três dias úteis.
Ontem, Miriam Alves Ferreira, mulher de um policial, passou o dia algemada à janela de um cômodo para tentar evitar a derrubada. Um grupo de 15 mulheres chegou a fazer barreira em volta de uma construção. Conseguiram 24 horas para a família, incluindo duas crianças, deixar o local.
Em outro lote, Maria dos Santos, mãe de um PM, chegou a agarrar as pernas de um policial que participava da operação. A construção foi derrubada.
Um PM que não quis se identificar disse que mudou há pouco para o local pois não conseguia pagar aluguel. Ele disse ganhar R$ 1.500 líquidos, mas gasta R$ 700 para pagar sua faculdade. Ele disse que alguns de seus colegas estão armados e pensam em resistir.
O salário bruto de um soldado no DF, segundo o comando da PM, é de R$ 2.000 por mês.
Aires Costa, presidente da Força Policial (sindicato da categoria), disse que de manhã um tenente sacou uma arma e atirou para cima. O comando da PM não confirma. "Quem está no lote é o cidadão, não o policial. A casa é para o civil, não para a autoridade."


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