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HABITAÇÃO
Deve terminar hoje a desocupação de áreas invadidas por policiais e bombeiros; comandantes investigarão suposto motim
PMs voltam a fechar via em protesto no DF
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
SÉRGIO LIMA
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO
Após dois dias de operação
-sexta e ontem- para liberar
lotes públicos invadidos por famílias de policiais militares e bombeiros em Taguatinga (23 km de
Brasília), a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal pretende terminar hoje a desobstrução das últimas 47 áreas.
As famílias repetiram o ato de
sexta e fecharam um trecho da
principal avenida que liga Taguatinga a Ceilândia com pneus queimados. O trânsito ficou lento.
Contrário à invasão, o comando
da PM e do Corpo de Bombeiros
diz, em nota, ter aberto inquérito
para apurar eventual crime de
motim na resistência à desocupação e processo administrativo para identificar militares invasores.
A nota diz que o Conselho Tutelar será acionado por causa da
presença de crianças na ação de
resistência à liberação dos lotes.
Desde o início do ano, becos
(terrenos usados como passagem
entre ruas) começaram a ser invadidos por 400 policiais militares e
bombeiros para pressionar o governo do DF a retomar o programa habitacional da categoria.
A legislação local prevê a distribuição de lotes para policiais, que
estava suspensa desde a eleição.
Há cerca de um mês, o governo
anunciou que 700 áreas seriam
distribuídas, mas há cerca de
3.700 famílias cadastradas.
Na semana passada, o governador Joaquim Roriz (PMDB) determinou a derrubada das construções irregulares e a desobstrução dos becos em três dias úteis.
Ontem, Miriam Alves Ferreira,
mulher de um policial, passou o
dia algemada à janela de um cômodo para tentar evitar a derrubada. Um grupo de 15 mulheres
chegou a fazer barreira em volta
de uma construção. Conseguiram
24 horas para a família, incluindo
duas crianças, deixar o local.
Em outro lote, Maria dos Santos, mãe de um PM, chegou a
agarrar as pernas de um policial
que participava da operação. A
construção foi derrubada.
Um PM que não quis se identificar disse que mudou há pouco para o local pois não conseguia pagar aluguel. Ele disse ganhar R$
1.500 líquidos, mas gasta R$ 700
para pagar sua faculdade. Ele disse que alguns de seus colegas estão armados e pensam em resistir.
O salário bruto de um soldado
no DF, segundo o comando da
PM, é de R$ 2.000 por mês.
Aires Costa, presidente da Força
Policial (sindicato da categoria),
disse que de manhã um tenente
sacou uma arma e atirou para cima. O comando da PM não confirma. "Quem está no lote é o cidadão, não o policial. A casa é para o civil, não para a autoridade."
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