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TRANSPORTE SOLIDÁRIO
Motoristas temem acidentes
"Torço para que alguém pare", diz usuária com deficiência física
DA REPORTAGEM LOCAL
Auxiliada pelo genro Josias de
Lima Júnior, 23, que empurra sua
cadeira de rodas, Jucileide Maria
dos Santos Gabriel, 42, sobe uma
ladeira do conjunto habitacional
Jardim das Acácias, na zona leste,
e, em alguns trechos, é obrigada a
andar na rua, entre os carros, em
razão das calçadas precárias.
Ela consegue chegar ao ponto
de ônibus e começa a torcer. "Tomara que desta vez algum motorista pare." Mas por qual motivo
ele deixaria de parar, ignorando a
sinalização de uma portadora de
deficiência física? "Um deles me
explicou no mês passado. Ele disse que, como não tem ônibus com
elevador nessa linha, se eu cair, se
eu me machucar, dá problema
para eles. Eu até entendo a situação deles. O certo seria ter um
ônibus adaptado", afirma Gabriel, que já esperou horas para
conseguir subir em um veículo.
A falta de ônibus com elevadores também a deixa dependente
do genro ou do marido -e também por isso ela lamenta a possibilidade de não ter um veículo
adaptado, a partir de outubro, nas
linhas que utiliza. "Se tivesse elevador, a minha filha de 14 anos
poderia me acompanhar, porque
eu entraria sozinha, ela não precisaria me pegar no colo. Hoje eu
dependo do meu genro, que tem
que faltar no serviço. Eu nem gosto que meu marido vá porque ele
é bravo, ele vai querer brigar se
passar por uma situação assim",
afirma ela, que pega duas conduções, duas vezes por semana, para
fazer tratamento no Hospital Santa Marcelina, em Itaquera.
Gabriel perdeu as duas pernas
depois de um problema vascular
em 1990. Ela afirma que "adoraria
trabalhar" todos os dias. "Se tivesse um ônibus adaptado em toda
linha e me informassem os horários que eles passam, eu resolveria
meu problema", afirma.
(AI)
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