São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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Lei reduziu transplantes

LUCIA MARTINS
da Reportagem Local

A doação presumida elevou a rejeição da população em doar os órgãos de seus familiares e reduziu o número de transplantes em São Paulo.
No Estado de São Paulo, entre dezembro passado e março deste ano, o percentual de famílias que se recusaram a doar subiu de 27% para 42%, como mostrou reportagem da Folha em maio deste ano. O índice internacional de rejeição é de 30%.
Esse comportamento refletiu diretamente nos transplantes. Em dezembro passado, houve 31 transplantes de rim, 12 de fígado e 5 do coração. Em abril, foram apenas 17 (rim), 4 (fígado) e 1 (coração).
A nova lei deu aos médicos o poder de retirar órgãos sem autorização da família -a não ser que a pessoa manifeste vontade contrária em vida. A lei deu um prazo de julho a dezembro do ano passado para que as pessoas tomassem conhecimento da mudança.
A rejeição da população foi imediata e pôde ser sentida pelas filas criadas por pessoas que queriam incluir na carteira de identidade ou de motorista a inscrição "não doador".
As entidades médicas também discordaram da doação presumida. O próprio CFM (Conselho Federal de Medicina) aconselhou os médicos a ignorar a lei e a continuar consultando a família.



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