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Cruz diz conhecer suposto contratante
LUIZ MAKLOUF CARVALHO
da Reportagem Local
O delegado da Polícia Federal,
Carlos Leonel da Silva Cruz, 48,
preso desde o dia 28 de maio por
acusação de concussão e abuso de
autoridade, disse ontem que conhece "de vista" o sargento PM
Sérgio Bueno -apontado como o
suposto contratante da morte do
delegado Alcioni Serafim de Santana, em 27 de maio.
Anteontem, Cruz havia dito que
não se lembrava de conhecer PM.
Cruz é considerado o "principal
suspeito" de ser o mandante do
crime pelo ministro da Justiça, Renan Calheiros. Ele se diz inocente.
Bueno, há 17 anos na PM, está
foragido desde quarta-feira, quando seu nome surgiu nas investigações, citado por Jildenor Alves de
Oliveira, que teria intermediado a
contratação dos dois assassinos.
A Folha apurou que, no depoimento prestado no inquérito, Jildenor afirmou que o crime foi cometido a mando de Cruz, pessoalmente. O delegado diz que não conhece Jildenor, mas que ele pode
conhecê-lo. "Eu conheço o Pelé,
mas o Pelé não me conhece",
exemplificou. Os dois ainda não
foram acareados.
Cruz disse que conheceu o PM
Bueno nas duas vezes em que o viu
na sede da Polícia Federal -
"uma com o (Carlos) Baena e outra com um policial civil que também se chama Bueno".
Baena, investigador da Polícia
Civil, está preso com Cruz e três
outros policiais acusados dos crimes de concussão e abuso de autoridade. Santana era o corregedor
que investigava esses crimes.
"Eu conheço o sargento, mas
não tenho nada a ver com a morte
do dr. Alcioni", disse Cruz. Ele insiste no palpite de que a morte de
Santana, padrinho de um de seus
filhos, foi um "crime passional".
Nos últimos dois dias - "baseado em informações" que recebe à
vontade pelo telefone do presídio
especial da Polícia Civil - acrescentou detalhes ao caso.
Passou a dizer que Santana "foi
morto pelas mesmas pessoas que
mataram o prefeito de Rio Grande
da Serra (Grande SP): um negro
que tem um Gol azul, ligado a um
dono de pizzaria em Diadema".
O prefeito José Carlos de Arruda
(PRP) foi encontrado morto em 3
de abril, em uma estrada de terra
de Suzano (35 km a leste de SP).
Segundo a versão de Cruz, Santana teria conhecido, na Universidade Cruzeiro do Sul, onde era
professor, uma mulher que dizia
ter detalhes sobre a morte do prefeito. Teria, então, passado a
orientá-la informalmente para revelar o que sabia.
"Aí ela falou sobre isso com alguém que não devia - e então
apagaram ele", disse o delegado
preso. "Não citei isso antes, porque eu mesmo ia investigar a coisa
toda quando saísse daqui". Para
Cruz, a verdade sobre a morte de
Santana "vai aparecer em breve".
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