São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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Cruz diz conhecer suposto contratante

LUIZ MAKLOUF CARVALHO
da Reportagem Local

O delegado da Polícia Federal, Carlos Leonel da Silva Cruz, 48, preso desde o dia 28 de maio por acusação de concussão e abuso de autoridade, disse ontem que conhece "de vista" o sargento PM Sérgio Bueno -apontado como o suposto contratante da morte do delegado Alcioni Serafim de Santana, em 27 de maio.
Anteontem, Cruz havia dito que não se lembrava de conhecer PM. Cruz é considerado o "principal suspeito" de ser o mandante do crime pelo ministro da Justiça, Renan Calheiros. Ele se diz inocente.
Bueno, há 17 anos na PM, está foragido desde quarta-feira, quando seu nome surgiu nas investigações, citado por Jildenor Alves de Oliveira, que teria intermediado a contratação dos dois assassinos.
A Folha apurou que, no depoimento prestado no inquérito, Jildenor afirmou que o crime foi cometido a mando de Cruz, pessoalmente. O delegado diz que não conhece Jildenor, mas que ele pode conhecê-lo. "Eu conheço o Pelé, mas o Pelé não me conhece", exemplificou. Os dois ainda não foram acareados.
Cruz disse que conheceu o PM Bueno nas duas vezes em que o viu na sede da Polícia Federal - "uma com o (Carlos) Baena e outra com um policial civil que também se chama Bueno".
Baena, investigador da Polícia Civil, está preso com Cruz e três outros policiais acusados dos crimes de concussão e abuso de autoridade. Santana era o corregedor que investigava esses crimes.
"Eu conheço o sargento, mas não tenho nada a ver com a morte do dr. Alcioni", disse Cruz. Ele insiste no palpite de que a morte de Santana, padrinho de um de seus filhos, foi um "crime passional".
Nos últimos dois dias - "baseado em informações" que recebe à vontade pelo telefone do presídio especial da Polícia Civil - acrescentou detalhes ao caso.
Passou a dizer que Santana "foi morto pelas mesmas pessoas que mataram o prefeito de Rio Grande da Serra (Grande SP): um negro que tem um Gol azul, ligado a um dono de pizzaria em Diadema".
O prefeito José Carlos de Arruda (PRP) foi encontrado morto em 3 de abril, em uma estrada de terra de Suzano (35 km a leste de SP).
Segundo a versão de Cruz, Santana teria conhecido, na Universidade Cruzeiro do Sul, onde era professor, uma mulher que dizia ter detalhes sobre a morte do prefeito. Teria, então, passado a orientá-la informalmente para revelar o que sabia.
"Aí ela falou sobre isso com alguém que não devia - e então apagaram ele", disse o delegado preso. "Não citei isso antes, porque eu mesmo ia investigar a coisa toda quando saísse daqui". Para Cruz, a verdade sobre a morte de Santana "vai aparecer em breve".



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