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Para comissão, prática é comum
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Após visitar 11 cadeias brasileiras em cinco Estados, os membros da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados
concluíram que a política do castigo e da tortura é comum nos
presídios.
Também chamou a atenção dos
deputados a falta de condições de
higiene e de salubridade das cadeias.
Para tentar minimizar isso, o
presidente da comissão, o deputado Marcos Rolim (PT-RS), decidiu entregar uma cópia do relatório final ao ministro da Saúde, José Serra. Também serão encaminhadas cópias do documento, no
dia 13, ao ministro da Justiça, José
Gregori, e aos governadores dos
Estados visitados.
A cadeia que mais chamou a
atenção pela falta de higiene é o
Presídio Evaristo de Moraes, no
Rio. Improvisado em um prédio
semelhante a um estádio, o local
tem um pé direito de cerca de 20
metros (aberto), que permite a
entrada de pombos.
As celas são como gaiolas. Para
se proteger das fezes dos animais,
os detentos cobrem as grades superiores com lonas. Mesmo assim, os corredores ficam sujos. Os
pombos transmitem oito tipos de
doença.
Para se ter uma idéia das condições de higiene desse presídio, um
preso já morreu de leptospirose,
doença transmitida por meio da
urina do rato.
Em relação aos castigos, Rolim
diz que, em alguns locais, o sofrimento físico faz parte do dia-a-dia. Em Fortaleza, os distritos policiais não fornecem comida aos
detentos. A comissão esteve no
DP de Aldeota, bairro de classe
média, onde estavam, até a semana passada, 28 presos.
"Os presos passaram o tempo
todo pedindo pão", disse o deputado Marcos Rolim. As famílias
fazem rodízio, e os alimentos são
divididos entre todos, mas a
quantidade de comida por pessoa
acaba sendo insuficiente.
Outro ponto que será ressaltado
no relatório é que os presos não
têm alternativas de profissionalização capazes de criar outras formas de sustento além do crime.
Um dos chefes do tráfico do Rio,
D., preso em Bangu 1, passou no
vestibular, mas não conseguiu ter
acesso a sistema de ensino à distância para que pudesse estudar.
Como fala quatro línguas, D.
pediu um quadro-negro para dar
aulas aos outros 47 presos. Ainda
não conseguiu.
Para Rolim, um aspecto que
chama a atenção nas cadeias paulistas é a falta de privacidade dos
presos, que têm, inclusive, a correspondência violada.
Alguns Estados já vistoriam os
envelopes do correio com detectores de metal, para que os carcereiros não leiam as cartas.
Na Penitenciária Feminina do
Carandiru, segundo Rolim, se as
presas recebem cartas de amor
"picantes", são advertidas pela direção da casa. Nesse presídio, não
há visita íntima e é proibido portar revistas pornográficas.
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