São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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Estudante diz que não usou drogas

da Reportagem Local



Na manhã de ontem, a polícia encontrou crack e cocaína na casa de Meira, em Santa Cecília (região central de São Paulo). De acordo com o delegado Olavo Francisco, havia cinco pedras de crack e cerca de 5 gramas de cocaína em quatro papelotes -outros 33, vazios, também foram encontrados.
No depoimento de mais de três horas, que terminou na madrugada de ontem, Meira afirmou que usava drogas eventualmente, mas negou que tivesse usado drogas antes de cometer o crime.
A polícia não acreditou na versão dele e pediu um exame toxicológico para verificar eventual presença de drogas no sangue. O laudo deve demorar 30 dias.
Meira foi indiciado por porte ilegal de entorpecentes. Ele disse que a droga era para uso próprio.
Também foram encontrados na casa 350 cartuchos de metralhadora e de pistola semi-automática.
Também na manhã de ontem, a polícia encontrou no lixo do apartamento de Meira três bilhetes. Escritos com pincel atômico em folhas de papel sulfite, os bilhetes devem ter sido escritos dois ou três dias antes do crime, antes de Meira deixar o apartamento e se mudar para um hotel.
Dois deles tinham a mesma mensagem: "Mídia, realidade, sociedade hipócrita". No outro, ele assumia o problema com as drogas: "Isso é efeito da droga, eu não sou assim". Para a polícia, os bilhetes são provas concretas de que Meira premeditou o crime.

Lapsos de memória
Meira depôs durante três horas para dez policiais, que se revezavam. Segundo o delegado Olavo Francisco, o depoimento foi linear, sem contradições. Mas, em muitos momentos, Meira apresentou lapsos de memória. O delegado acredita que os lapsos tenham sido forjados, com intenção de traçar um perfil psicológico falso, para "parecer louco".
Meira passou todo o dia de ontem isolado em uma sala separada da carceragem do 96º DP, no Brooklin (zona sul de São Paulo). A polícia decidiu isolá-lo na madrugada, por temer que os outros presos pudessem matá-lo ou que ele tentasse o suicídio.
"Os presos querem fugir das celas para matá-lo, há um grande risco de vida", explicou o delegado Olavo Reino Francisco, titular da Delegacia Seccional Sul.
O mecânico Marcos Paulo Almeida dos Santos, que vendeu a arma do crime, está em uma cela comum, em carceragem que abriga 50 presos acusados de homicídio, roubo e tráfico. (OC e SC)


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