São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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OAB quer que médico seja investigado

da Reportagem Local

A Comissão de Prerrogativas da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) vai encaminhar pedido para que o Conselho Regional de Medicina investigue a responsabilidade do psiquiatra João Cássio Nascimento Pitta no caso das mortes e dos feridos no MorumbiShopping.
Pitta é o psiquiatra que vinha acompanhando o estudante de medicina Mateus da Costa Meira, autor dos disparos feitos em espectadores, no cinema do shopping, anteontem à noite.
"Pode me investigar. Tenho consciência que agi corretamente", disse ontem o psiquiatra. Segundo Pitta, o estudante suspendeu por conta própria a medicação prescrita por ele.
"Não estou dizendo que o médico é culpado, mas ele deu alta para o rapaz. Esse rapaz não deve ter tido problemas de uma hora para outra. Só queremos saber se o médico agiu corretamente", disse ontem o advogado Alberto Rollo, presidente da Comissão de Prerrogativasda OAB.
A comissão da OAB está acompanhando as investigações do caso a pedido do advogado Álvaro Benedito de Oliveira, pai do produtor Carlos Eduardo Porto Oliveira (ferido com dois tiros e namorado de Fabiana Lobão Freitas, que também foi baleada e morreu).
Oliveira, pai de Carlos, é um dos membros da comissão, que nomeou outros dois advogados para acompanhar o caso.
O advogado Alberto Rollo também disse ontem que há possibilidade de a OAB indicar um perito para avaliar as condições psicológicas do estudante de medicina, caso o advogado dele alegue insanidade mental.
O presidente da comissão disse que a OAB vai acompanhar as investigações porque é esse o comportamento da entidade em casos "relevantes".
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina, Pedro Paulo Roque Monteleone, é "extremamente precoce" culpar o psiquiatra pelos tiros disparados por Mateus da Costa Meira.
"Desviar a atenção do ocorrido para um eventual atendimento psiquiátrico errado é no mínimo muito simplista, um equívoco", disse Monteleone.
De acordo com ele, se a OAB entrar com a solicitação, o CRM irá abrir uma sindicância para investigar a atuação do médico.
"Mas as perguntas que devem ser feitas neste momento não são essas, mas, por exemplo, como o estudante conseguiu ter acesso à arma e como ele conseguiu entrar no cinema com ela. "


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