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Meira deixou de tomar remédio antipsicótico, diz psiquiatra
da Reportagem Local
O psiquiatra José Cássio do Nascimento Pitta, que tratava há cerca de um mês o estudante de medicina Mateus da Costa Meira, 25,
que metralhou a platéia que assistia o filme "Clube da Luta", no
MorumbiShopping, disse ontem
que o seu cliente parou de tomar,
sem consultá-lo, um medicamento antipsicótico.
No depoimento de Meira, segundo Pitta, o estudante contou
que parou de tomar o remédio Ziplex, no dia 28, um dia após o pai
deixar São Paulo. A ausência da
droga pode ter influenciado o crime, na opinião do psiquiatra.
O medicamento foi receitado
após Meira passar dez dias internados na clínica psiquiátrica Padre Julieta, após diagnóstico feito
por uma colega de Pitta, que cuidou do caso durante uma semana
de outubro, quando o psiquiatra
participou de um congresso.
"Ela (a colega, cujo nome Pitta
não revelou) avaliou que era difícil o tratamento domiciliar porque estava predominando um
quadro de agitação psíquica", disse o psiquiatra.
No dia 17, o psiquiatra retornou
do congresso e avaliou Meira.
"Ele não apresentava mais alterações marcantes e, após consultar
o pai dele, Deolino Vanderley
Meira, médico oftalmologista,
analisamos que ele tinha condições de alta, o que ocorreu no dia
20", disse.
Ficou combinado, segundo o
psiquiatra, que o tratamento e
acompanhamento de Meira deveria continuar em seu consultório.
"Ele estava iniciando o último
estágio da faculdade e tinha uma
prova pendente. Então eu sugeri,
solicitei, que o pai o acompanhasse, que o pai não fosse embora e
acompanhasse o tratamento por
pelo menos mais um mês aqui em
São Paulo", afirmou o médico ontem na 2ª Delegacia Seccional, onde havia acompanhado o depoimento de Meira durante a madrugada.
Ontem, segundo Pitta, às 11h30,
o psiquiatra deveria encontrar
Meira, mas por outro motivo. O
estudante iria retornar para mais
uma consulta.
Segundo o Pitta, após a alta,
Meira retomou sua atividade acadêmica e foi aprovado na prova
pendente.
A última consulta que o estudante teve com Pitta foi no último
dia 27, ainda acompanhado pelo
pai, cuja presença seria importante, segundo o psiquiatra, para
acompanhar a dosagem dos medicamentos e se a prescrição médica estava sendo cumprida.
"Naquele dia, ele não tinha nenhum indício de que cometeria
uma atitude dessa gravidade",
disse o psiquiatra, que não afirmou não se sentir responsável
também pelo crime, por ter dado
alta à Meira.
"O pai comentou que ia para
Salvador para resolver uns problemas do consultório porque
achava que o filho estava bem,
mas pedi para que ele retornasse o
mais rápido possível", disse o psiquiatra.
Pitta afirmou também que o
cliente tinha "alterações significativas no desenvolvimento da personalidade", mas, por questões
éticas, não revelou o diagnóstico
que fez do estudante.
O pai de Meira só voltou à São
Paulo na manhã de quinta-feira,
após ser avisado do crime cometido pelo filho.
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