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Pai de garota morta nem pensa em
Justiça, ele só quer saber o porquê
Moacyr Lopes Jr./Folha Imagem
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A irmã de Fabiana Lobão Freitas chora ao lado do caixão durante velório no cemitério Gethsêmani, em São Paulo |
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
Brilhante, inteligente, dedicada, tímida, bonita,
amante das artes e
habilidosa no trato
com crianças. Essas
foram as qualidades de Fabiana
Lobão Freitas mais citadas por
amigos, familiares e colegas.
Formada em turismo e letras,
bolsista de um projeto de arte e
educação desenvolvido no Museu de Arte Contemporânea, da
USP, fotógrafa free-lance e estudante de licenciatura, Fabiana foi
morta justamente quando preparava-se para alçar vôos profissionais e pessoais.
Ela namorava havia sete anos o
produtor de cinema Carlos
Eduardo Porto Oliveira, 25, o Cadu, com quem pretendia passar
uma temporada na França, onde
ela faria um curso de fotografia e
ele, pós-graduação em cinema.
Os dois, segundo o advogado
Álvaro Benedito de Oliveira, 53,
pai de Cadu, pretendiam se casar
após o período de estudos e estavam iniciando uma poupança.
Ontem, 300 pessoas, entre parentes, amigos e colegas que foram ao velório de Fabiana, faziam
a mesma pergunta que seu pai, o
geólogo do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas Carlos Geraldo Luz
de Freitas, 49 -""Por quê?".
Abalado, Freitas não conseguiu
acompanhar o sepultamento, que
terminou às 17h30 de ontem, até
o fim. A mãe de Fabiana, Selma
Nicolau Lobão de Freitas, também não conseguia falar. A irmã,
Juliana, 17, chorava muito.
Sem condições de dar entrevistas, Freitas delegou à jornalista e
amiga Valéria Baracat a tarefa de
falar por ele. "Ele não pensa em
outra coisa, senão no porquê. Ele
não está pensando nem em Justiça", disse a porta-voz.
"Não foi só uma pessoa (Mateus) que assassinou a Fabiana.
Foi também quem vendeu a arma
e a droga para ele. E as autoridades também, que não cuidam da
segurança pública", disse.
Motivos técnicos, segundo o pai
de Carlos Eduardo, levaram o filho, Fabiana e mais três colegas da
produtora de Cadu a rever o filme
"Clube da Luta", que já haviam
assistido na segunda-feira.
"Eles foram analisar o filme. O
Cadu vai duas vezes por dia ao cinema. Ele gostou muito da fotografia e da edição, não da violência, que ele não gosta por ser
evangélico", disse o pai do namorado de Fabiana.
Corintiano, o casal assistiria ao
jogo entre Corinthians e Grêmio
se não resolvesse ir ao cinema.
No MAC, Fabiana trabalhava
no projeto "Museu, Coordenação
e o Lúdico". Junto com professoras de escolas públicas e privadas,
ela criava jogos baseados nas
obras de arte expostas no museu,
fotografadas por ela.
"Ela tinha vocação para lidar
com crianças e era muito concentrada no trabalho", disse o arte-educador Silvio Coutinho, colega
de Fabiana.
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