São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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SAÚDE

Preço médio em dólar subiu 55% em 5 anos, diz governo federal

Venda de remédio cai, mas lucro de laboratório cresce

DANIELA FALCÃO
ISABEL VERSIANI
da Sucursal de Brasília


Embora as vendas unitárias de medicamentos no Brasil tenham caído 7,3% entre 95 e 98, o faturamento do setor farmacêutico no período cresceu 67%, pulando de US$ 6,18 bilhões em 94 para US$ 10,3 bilhões no ano passado.
Na avaliação do Ministério da Saúde, a queda nas vendas unitárias foi "amplamente compensada" pelo aumento nos preços dos medicamentos, permitindo que o faturamento crescesse.
"Essa é a única forma de explicar o faturamento crescente da indústria farmacêutica apesar do volume decrescente de vendas", diz o diretor de Finanças da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Januário Montone.
Relatório apresentado por Montone ontem na Câmara dos Deputados mostra que o preço médio por unidade dos medicamentos vendidos no Brasil subiu 55% em dólar nos últimos cinco anos, passando de US$ 4,03 em 94 para US$ 6,28, no ano passado.
Como os efeitos da Lei dos Genéricos na redução dos preços dos medicamentos só serão sentidos em dois anos, parlamentares, proprietários de farmácias e representantes dos ministérios da Saúde, Fazenda e Justiça discutiram ontem quais medidas devem ser adotadas de imediato para impedir que os preços continuem superando a inflação.
"Consideramos que os patamares de preço dos medicamentos brasileiros são excessivamente altos e que é necessário desenvolver instrumentos mais eficientes de ação governamental capazes de controlar e reduzir os preços para ampliar o acesso da população aos remédios", diz Montone.
Foram apresentadas três propostas distintas. A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias propôs redução da carga tributária sobre remédios em troca de redução nos preços.
Segundo a associação, 28% do preço do remédio é composto por impostos. "Os remédios têm carga tributária maior que salsicha e linguiça", diz Aparecido Camargo, presidente da Abrafarma.
Já o Ministério da Saúde defende o aumento da produção de remédios essenciais pelos laboratórios públicos (como hipertensivos e contra a diabetes), que teriam preços controlados.


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