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ORÇAMENTO
Experiência das duas cidades será aproveitada em SP
PT avalia que modelo participativo deu certo em Porto Alegre e Belém
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
LUÍS INDRIUNAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
A expectativa do Partido dos
Trabalhadores é de que o orçamento participativo, cuja adoção
será uma das primeiras medidas
da prefeita eleita, Marta Suplicy,
contribua para que São Paulo tenha uma administração eficiente
e transparente, como, na avaliação dos petistas, ocorre em Porto
Alegre (RS) e Belém (PA).
Na capital gaúcha, onde o sistema foi implantado em 1990, cerca
de 45 mil pessoas participaram
das assembléias populares neste
ano, de acordo com o partido.
Segundo o prefeito Raul Pont
(PT), Porto Alegre vive uma experiência de "democracia participativa que evita a corrupção e o mau
uso do dinheiro. Os cidadãos conhecem e decidem sobre os negócios públicos".
Em um processo que vai de
março a novembro, com a capital
gaúcha dividida em 16 regiões
geográficas, os participantes do
OP, como é chamado, podem definir as obras que consideram
prioritárias para constar do plano
de investimentos.
Além das assembléias nas regiões, são realizadas plenárias temáticas, de interesse de toda a cidade, nas quais são discutidas
questões como a "circulação e
transporte", "desenvolvimento
econômico e tributação", "organização da cidade e desenvolvimento urbano", "saúde e assistência social", "educação, esporte
e lazer" e "cultura".
Outra instância importante no
processo é o conselho do orçamento participativo, composto
por 48 titulares, a maioria deles
originária das 16 regiões da cidade. A prefeitura indica dois conselheiros, mas eles são os únicos que
não têm direito a voto.
Depois de aprovada, uma proposta é apresentada à Câmara. Os
conselheiros acompanham as votações dos vereadores, que, de
modo geral, não fazem mudanças
significativas.
Alguns vereadores criticam o
orçamento participativo com o
argumento de que esvazia as atribuições da Câmara Municipal. O
candidato derrotado do PDT à
prefeitura, Alceu Collares, classificou-o de "instrumento clandestino", durante a campanha.
A prefeitura se defende com o
argumento de que a Lei Orgânica
do município e a Constituição Federal amparam a existência do
sistema.
Em Belém, o orçamento participativo conta com assembléias específicas para demanda dos jovens. Criado em 1999, o OP Jovem
delibera sobre assuntos como esporte, cultura e lazer.
A cidade possui assembléias em
oito administrações regionais e as
plenárias temáticas que discutem
grandes obras.
Em Aracaju (SE) e Goiânia
(GO), duas das cidades onde PT
ganhou as eleições, o orçamento
participativo só será implantado
em 2002, porque os recursos do
próximo ano já foram comprometidos pelos atuais prefeitos.
"Primeiro precisamos ter uma
noção dos recursos que vamos
dispor e garimpar outras informações em relação à realidade do
município. Isso leva algum tempo", afirmou o deputado federal e
prefeito eleito Marcelo Déda.
O deputado federal Pedro Wilson, prefeito eleito de Goiânia,
disse que, embora Orçamento de
2001 já esteja definido e por isso
não vai ser possível adotar o sistema, ele vai estabelecer um controle participativo da distribuição de
recursos.
Wilson afirmou que até julho
vai formar conselhos populares
para discutir o Orçamento de
2002. "Faremos reuniões com
movimentos sociais e com toda a
sociedade. Já há um grupo com
militantes que vai ajudar a avaliar
prioridades e formular a proposta
inicial", disse.
(Colaboraram Jairo Marques e Viviane Pereira)
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