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FUTURA ADMINISTRAÇÃO
Fim dos contratos com cooperativas pode provocar falta de funcionários para atender a população
Desmanche do PAS exigirá concurso público
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita eleita, Marta Suplicy,
enfrentará um problema emergencial se quiser pôr fim imediato
ao PAS (Plano de Atendimento à
Saúde), conforme sua promessa
de campanha. Dos 17.732 funcionários que atuam nas quatro cooperativas de atendimento, apenas
5.018 são servidores da Secretaria
Municipal da Saúde.
Mesmo que consiga reaver os
10.360 funcionários lotados na secretaria, mas que estão espalhados em outras áreas da prefeitura,
ainda assim faltarão 2.354 funcionários para, ao menos, equiparar
o número de profissionais que
atuam no atendimento à população atualmente.
Para equacionar o problema, a
prefeitura terá de realizar concurso público. Mesmo que o faça em
caráter de urgência, o prazo estimado para que os novos funcionários sejam contratados é de, no
mínimo, seis meses.
O vereador Carlos Neder (PT),
ex-secretário da Saúde na gestão
de Luiza Erundina (1989-92) e um
dos nomes apontados como possíveis integrantes da equipe de
transição na área da saúde, afirmou que a secretaria contava com
cerca de 43 mil funcionários no
ano de 1992.
Atualmente, esse número é de
29.268 servidores. Além dos 5.018
que estão nas cooperativas, 10.360
trabalham em outras secretarias e
apenas 12.390 continuam atuando na Secretaria da Saúde.
A diferença salarial entre os servidores que trabalham nas cooperativas e os funcionários da prefeitura é outro item que provocará dor de cabeça na equipe de
Marta. Enquanto um médico cooperativado ganha, em média, R$
2.300 por 20 horas semanais de
trabalho, um médico da prefeitura recebe R$ 960 pela mesma carga horária.
Os contratos com as cooperativas começam a vencer antes mesmo do término do mandato do
prefeito Celso Pitta. O módulo
norte, por exemplo, tem um contrato que se encerra em 15 de dezembro. O módulo atende cerca
de 15 mil pessoas diariamente.
Em janeiro, vence o contrato do
módulo central. Em abril, é a vez
do módulo sul e, em junho, o do
módulo leste.
Pitta afirmou que garante a continuidade do serviço das cooperativas até o término de seu mandato. Depois, será a equipe da prefeita eleita que terá de negociar com
as cooperativas um período de
transição.
Além da falta de pessoal próprio
para trabalhar, a Secretaria da
Saúde também deve enfrentar
problemas financeiros. As cooperativas reclamam na Justiça um
passivo de R$ 230 milhões. A secretaria, segundo a assessoria de
imprensa, reconhece um débito
de apenas R$ 43 milhões.
Para obter recursos da União e
do Estado, a prefeita eleita planeja
fazer a municipalização da saúde.
Com isso, o município reassumiria postos que estão sob controle
do PAS e também outros que,
atualmente, são mantidos pelo
Estado. Em contrapartida, receberá recursos da União e do Estado para ajudá-lo na prestação de
serviços.
Pitta chegou a iniciar o processo, retomando 42 dos 142 postos
do PAS. Mas, até agora, o repasse
de verbas por conta dessa municipalização tem sido insignificante.
De acordo com o gabinete do
vereador Carlos Neder, de janeiro
a setembro foram repassados R$
1,9 milhão pelo atendimento. Esse
dinheiro seria suficiente para
atender cerca de 190 mil pessoas
nestes nove meses. Mas só o módulo norte atende mais de 300 mil
pessoas por mês.
Neder explicou que o valor irrisório repassado justifica-se porque, como a prefeitura se descredenciou do SUS (Sistema Único
de Saúde), a forma de gerenciamento à qual estava inscrita é de
oito anos atrás.
O processo de municipalização
também compreende a retomada
de 190 postos do Estado. Até agora, a prefeitura não assumiu nenhum deles.
O ministro da Saúde, José Serra,
afirmou que deverá repassar R$
100 milhões no próximo ano para
a prefeitura.
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