São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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Estudo faz déficit habitacional "encolher"

DA REPORTAGEM LOCAL

A pesquisa CDHU/Fundação Seade usou metodologia própria para medir as necessidades habitacionais do Estado de São Paulo, e foi essa metodologia que fez o déficit habitacional "encolher". De acordo com o estudo, o Estado têm déficit (famílias sem casa) de 242 mil moradias.
A diferença entre esse e outros estudos está na classificação das habitações. São consideradas "não-moradias" -portanto déficit- os barracos em favelas ou isolados, construídos com qualquer material, exceto alvenaria.
Os demais tipos, mesmo que se trate de um cortiço, onde os quartos não têm janela, são consideradas "moradias inadequadas". Em geral, nos demais estudos, esse tipo de moradia insalubre é considerada déficit.
Pelo estudo da CDHU, das 7,792 milhões de moradias do Estado, 2,927 milhões (37,56%) são inadequadas. Somadas às habitações classificadas como déficit, 40,7% dos domicílios paulistas têm necessidades habitacionais.
Desde 1967, na gestão de Laudo Natel, até hoje, a companhia habitacional do Estado, que mudou de nome ao longo dos anos, construiu 327.946 moradias em São Paulo.
Em 2002, a CDHU atingiu a marca de produção média de 50 mil moradias por ano. Nesse ritmo, são suficientes cinco anos para liquidar o déficit. Para atender toda a demanda de moradias no Estado, porém, são necessários mais de 58 anos.
Na avaliação do superintendente de planejamento da companhia, Eduardo Trani, os números não falseiam a realidade. Antes disso, orientam a CDHU a atender a demanda, por classificá-la segundo a necessidade.
"O estudo mostra várias coisas importantes. A principal é a de que as regiões do Estado têm de ser respondidas não só com novas unidades habitacionais mas também com recuperação urbana e ambiental das cidades", afirma.
O déficit, assim como o número de moradias inadequadas, concentra-se na região metropolitana de São Paulo. Das 242 mil "não-moradias" encontradas, 171 mil estão na Grande SP, sendo 103 mil na capital. Entre as inadequadas, 2,174 milhões estão nessa região.
Para o diretor-presidente da CDHU, Luiz Antônio Carvalho Pacheco, o dado reflete dois fenômenos: o de que a Grande São Paulo concentra um maior número da população de baixa renda e o de que a companhia que preside vem privilegiando historicamente o interior do Estado.
Das 327.946 moradias construídas ao longo da história da CDHU, 244.072 (74,42%) foram em cidades do interior. "A companhia trabalha muito em parceria com as prefeituras, e, na última década, isso não foi possível em São Paulo. Hoje, a situação está se invertendo. Das 50 mil moradias construídas neste ano, 35 mil são na Grande São Paulo, por meio de convênios com as prefeituras, incluindo a capital", diz Pacheco.


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