|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A ILHADA
A água isolou o
meu cantinho de
céu no Itaim Bibi
BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA
Pontualmente às 17h40, nos
dias de semana, toca o interfone para avisar que "o táxi da
Band chegou". Pontualmente,
às 19h, nos dias de semana, entro no ar, ao vivo, apresentando
o programa "Parabólica", no
canal de TV paga Bandsports.
Mas não ontem. Pela primeira vez deixei de ir ter com meus
"amáveis assinantes" (termo
cunhado pelo insubmergível
Silvio Luiz) por conta de um
flagelo da natureza. Se é que se
pode descrever o que acontece
em São Paulo dessa forma. Seriam "descaso das autoridades"
ou "descuido da população que
joga lixo na rua" termos mais
apropriados para explicar o que
ocorre quando são Pedro resolve se digladiar com São Paulo?
Às 16h30 liguei ao ponto de
táxi informando que, da janela,
podia ver que o começo da minha rua estava intransitável. A
água já tinha coberto a calçada
do meu cantinho de céu no
Itaim Bibi e continuava a subir.
Os atenciosíssimos motoristas
do ponto de táxi da emissora,
que me atendem como se fosse
uma duquesa britânica, me garantiram que não haveria problema, se encarregariam de encontrar um modo de me pescar.
Às 16h45, liguei para meu
braço-direito na produção do
programa já prevendo que nem
o submarino atômico Nimitz
conseguiria me conduzir ao
Morumbi, sede da Bandeirantes. Dez minutos depois, recebi
um telefonema da produção:
"Está tudo parado, o táxi tentou
chegar aí, mas teve de voltar, já
estamos providenciando alguém para te substituir".
Esse alguém foi Bruno Voloch, um de nossos competentíssimos apresentadores, que,
pelo telefone, disse-me ao vivo
e em cores: "Pôxa, Barbara, eu,
que moro no Rio, consegui chegar e você não". Pois é, nesta
época do ano, é mais fácil o
Amyr Klink circunavegar o Antártico que a Barbarica andar 3
km do Itaim Bibi ao Morumbi.
Texto Anterior: O improvisador Próximo Texto: CET vai cancelar multa de rodízio em dias de enchente Índice
|