São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

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A ISOLADA

Sem pó de café e presa em casa, me senti solitária

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Ter a possibilidade de ficar em casa em um dia de chuva é um privilégio. Tenho noção. Mas ficar presa em casa também tem suas desvantagens. Principalmente se você não tem guarda-chuva. Nem carro.
Isso significa que você é obrigada a ficar literalmente refém de seu próprio lar e escritório. Resultado: um dia inteiro sem tomar café (o pó tinha acabado, soube assim que pedi pra Suely, que trabalha comigo, fazer um café pra gente). Como ela não tem guarda-chuva nem carro, passamos a tarde com síndrome de abstinência.
Também deixei de ir ao banco pagar contas atrasadas. Sair de táxi (até chegar ao ponto estaria encharcada) e pagar um milhão pela corrida, porque a Teodoro Sampaio tinha virado uma espécie de Tietê, é pior que ver a multa da conta crescer.
Mas o pior é a sensação de claustrofobia. Sozinha em casa, sem café, comecei a me sentir isolada. Meus amigos começaram a ligar ao mesmo tempo, com a mesma informação: estavam presos no engarrafamento. Se precisasse deles para curar a abstinência de café, não poderiam me salvar. E a conta de celular só sobe. Uma amiga jamais desliga o telefone de outra que ligou sozinha do táxi parado na Paulista ou na Berrini após um dia de trabalho. Dia de tempestade pode ser solitário.


NINA LEMOS, 36, mora e trabalha em Pinheiros. Não sabe dirigir e sempre perde guarda-chuvas


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