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Grafite dá nova perspectiva a
pichador de muro da zona norte
da Sucursal do Rio
De latas de spray colorido surgem idéias para os subúrbios: em
vários morros e favelas do Rio, pichadores de muro estão se transformando em grafiteiros.
No morro do Urubu, em Pilares
(zona norte), os grafites já se espalham pelas ruas. A idéia foi de
Bruno Gonçalves da Silva, 22, que
juntou os amigos e se prepara para pintar 16 escolas públicas.
Membro do comitê da Ação da
Cidadania no morro, Bruno conseguiu apoio dos outros moradores, que cederam muros para o
"treinamento" dos rapazes.
Vinícius Ribeiro de Souza, 16,
acostumado a gastar madrugadas
sujando muros das redondezas,
agora quer ser grafiteiro. "Aqui é
tudo tão cinza que não faz mal ter
um pouco de cor", diz.
Vinícius viu o pai ser morto por
traficantes na porta de casa. "Já fiquei revoltado demais. Por isso
pichava muro."
No conjunto habitacional Campinho, em Campo Grande (zona
oeste), a moda também é pintar
com spray, mas camisas. Sem emprego, três rapazes armaram uma
barraca na calçada, compraram
tinta e começaram a trabalhar.
Copiam os desenhos de álbuns
e revistas em quadrinhos. A camisa pintada, vendida por R$ 12, virou moda no bairro.
"A gente não se acomodou. Inventou uma coisa que está dando
dinheiro e animando o bairro",
diz Eduardo Alves, o Duda, 25,
desenhista do grupo e sócio do
projeto.
Além do grafite, o funk e a dança também já se disseminaram
nos morros e favelas.
Para a antropóloga Regina Novaes, os movimentos culturais das
áreas de periferia surgem como
sonho alternativo e ao mesmo
tempo paralelo ao futebol.
"Ele ao mesmo tempo critica a
periferia e pensa seu cotidiano. É
isso ou nada, ou o desalento com
o mundo", diz.
(FE)
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