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Munir Abbud admite ter usado terreno da prefeitura, mas alega que fez obra com base em futuro traçado da rua Funchal
Empresa diz que quer comprar área invadida
DA REPORTAGEM LOCAL
A Munir Abbud admite ter invadido a área pública com as
obras do e-Tower, mas diz que
decidiu escavar o subsolo apostando na aprovação de um projeto de lei que alargará a rua Funchal e, segundo a empresa, permitirá que ela compre da prefeitura a
área usada irregularmente.
A história do empreendimento
começou em 12 de dezembro de
2000, quando a obra foi englobada na Operação Urbana Faria Lima. O despacho da Secretaria
Municipal do Planejamento dizia
que, dos 6.518,11 m2 de terreno, a
Munir Abbud poderia usar
4.654,91 m2 e teria de doar 1.863,20
m2 à prefeitura para "execução de
melhoramentos previstos na lei
8.126/74 na frente do imóvel".
Essa lei, segundo a Munir Abbud, previa um traçado diagonal
para a rua Funchal que comeria
metade da quadra onde está o
prédio. A urbanização, porém, seguiu outro traçado. Um projeto
de lei, de acordo com a empresa,
legalizaria o traçado existente,
alargaria a rua e dispensaria a
doação do terreno.
Foi Jefferson Abbud, 43, sócio-diretor da Munir Abbud quem falou à Folha. Ele começou a entrevista dizendo que o projeto que
modifica o traçado da Funchal fora aprovado, depois voltou atrás.
"A doação [do terreno na frente
do imóvel, que teve o subsolo invadido] era prerrogativa da lei anterior. Mas eu quero comprar da
prefeitura de volta o que eu doei",
diz Abbud. Fiz a parede-diafragma [que delimita a obra no subsolo] baseado na lei que estava por
ser aprovada, construí meus subsolos e criei outra parede [a de
gesso" dentro da lei velha até a
aprovação do novo projeto. Era
chapiscada para manter aparência do projeto dentro do que já está aprovado na prefeitura."
O próprio empreiteiro diz claramente o que fez: "Eu doei 1.800 m2
e acabei pondo essa minha parede
[a diafragma" em uma situação
em que eu como 1.000 m2. Se eu
não conseguir [legalizar a obra],
aterro essa porcaria".
Abbud sustenta que a incorporadora não tinha obrigação de
alertar o fiscal sobre a escavação
irregular e diz que raciocinou pelo
"senso prático". "Não faria uma
obra desse porte com o risco de
ela não ser 100% aprovada no final. Medindo os riscos, decidi fazer. Conhecendo o novo projeto e
trabalhando para a prefeitura de
graça, achei que eu podia fazer."
Abbud é diretor de obras da Associação Colméia, entidade parceira da prefeitura no alargamento da Funchal e que surgiu de um
grupo de empresários que se dizem dispostos a discutir e bancar
soluções para os problemas urbanísticos do bairro.
(SÍLVIA CORRÊA)
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