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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

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Munir Abbud admite ter usado terreno da prefeitura, mas alega que fez obra com base em futuro traçado da rua Funchal

Empresa diz que quer comprar área invadida

DA REPORTAGEM LOCAL

A Munir Abbud admite ter invadido a área pública com as obras do e-Tower, mas diz que decidiu escavar o subsolo apostando na aprovação de um projeto de lei que alargará a rua Funchal e, segundo a empresa, permitirá que ela compre da prefeitura a área usada irregularmente.
A história do empreendimento começou em 12 de dezembro de 2000, quando a obra foi englobada na Operação Urbana Faria Lima. O despacho da Secretaria Municipal do Planejamento dizia que, dos 6.518,11 m2 de terreno, a Munir Abbud poderia usar 4.654,91 m2 e teria de doar 1.863,20 m2 à prefeitura para "execução de melhoramentos previstos na lei 8.126/74 na frente do imóvel".
Essa lei, segundo a Munir Abbud, previa um traçado diagonal para a rua Funchal que comeria metade da quadra onde está o prédio. A urbanização, porém, seguiu outro traçado. Um projeto de lei, de acordo com a empresa, legalizaria o traçado existente, alargaria a rua e dispensaria a doação do terreno.
Foi Jefferson Abbud, 43, sócio-diretor da Munir Abbud quem falou à Folha. Ele começou a entrevista dizendo que o projeto que modifica o traçado da Funchal fora aprovado, depois voltou atrás.
"A doação [do terreno na frente do imóvel, que teve o subsolo invadido] era prerrogativa da lei anterior. Mas eu quero comprar da prefeitura de volta o que eu doei", diz Abbud. Fiz a parede-diafragma [que delimita a obra no subsolo] baseado na lei que estava por ser aprovada, construí meus subsolos e criei outra parede [a de gesso" dentro da lei velha até a aprovação do novo projeto. Era chapiscada para manter aparência do projeto dentro do que já está aprovado na prefeitura."
O próprio empreiteiro diz claramente o que fez: "Eu doei 1.800 m2 e acabei pondo essa minha parede [a diafragma" em uma situação em que eu como 1.000 m2. Se eu não conseguir [legalizar a obra], aterro essa porcaria".
Abbud sustenta que a incorporadora não tinha obrigação de alertar o fiscal sobre a escavação irregular e diz que raciocinou pelo "senso prático". "Não faria uma obra desse porte com o risco de ela não ser 100% aprovada no final. Medindo os riscos, decidi fazer. Conhecendo o novo projeto e trabalhando para a prefeitura de graça, achei que eu podia fazer."
Abbud é diretor de obras da Associação Colméia, entidade parceira da prefeitura no alargamento da Funchal e que surgiu de um grupo de empresários que se dizem dispostos a discutir e bancar soluções para os problemas urbanísticos do bairro.
(SÍLVIA CORRÊA)

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