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São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

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Para o Ministério Público, texto de licitação não garante direitos a portadores de deficiência, gestantes e idosos

Acesso de deficientes pode motivar ação

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A licitação para o sistema público de transporte, que ontem teve os envelopes abertos, deve encontrar resistência do Ministério Público por conta da legislação que exige facilidades de acesso nos transportes coletivos para as pessoas que tenham alguma dificuldade de locomoção.
Nesse grupo, além dos portadores de deficiências físicas, estão os idosos, as gestantes e todo passageiro com algum tipo de restrição nos movimentos. Somam, só na cidade de São Paulo, pelo menos 1 milhão de pessoas.
"As exigências feitas na licitação, além de vagas, não garantem o direito desses cidadãos", diz o promotor Lauro Luiz Gomes Ribeiro, do Grupo de Atuação Especial de Proteção às Pessoas Portadoras de Deficiência.
Segundo o promotor, a prefeitura deu às empresas concorrentes prazo de um ano para disponibilizar um ônibus adaptado por linha. Outros seriam exigidos à medida que a frota fosse sendo renovada, o que acontece quando os carros atingem dez anos.
Ribeiro disse que convidou a prefeitura, especialistas e representantes dos deficientes para definirem um cronograma mais ágil de mudanças. "Caso não haja uma resposta, o Ministério Público entrará com uma ação judicial contra a prefeitura", afirmou.
Ontem à noite, Jilmar Tatto, secretário municipal dos Transportes, disse que se reunirá com os promotores no próximo dia 12.
"Um único ônibus adaptado por linha significa ter de esperar horas no ponto", afirma a jornalista Iracema Alves Lazari, da Associação em Defesa dos Direitos de Pessoas Deficientes e de Mobilidade Reduzida.
Iracema, ela também uma portadora de deficiência, quer uma ação civil cobrando da prefeitura as promessas feitas assim que a atual gestão tomou posse. "A lei é de novembro de 2000 (lei federal 10.048) e as promessas foram feitas há dois anos. Não podemos esperar mais um ano."
Dos cerca de 10 mil ônibus da cidade, 237 são adaptados com um elevador. A opção por piso rebaixado, além de aumentar em mais de 60% o preço dos veículos, também exige adaptações nas guias das calçadas da cidade.


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