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São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

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Professor foi brutalmente assassinado, diz irmão

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O advogado Tiago Branco de Faria disse ontem que o professor de inglês Frederico Branco de Faria, seu irmão, foi ""brutalmente assassinado" pelo Exército na madrugada de anteontem.
""A única coisa que posso afirmar é que o meu irmão foi brutalmente assassinado. Estou perplexo com a barbaridade que foi cometida", disse o advogado, pouco antes do enterro do corpo de Frederico, realizado ontem de manhã, no cemitério de Irajá (zona norte do Rio).
Apesar de ainda não ter conversado com Rosângela Silva, que era namorada de Frederico e estava no carro, o advogado criticou a abordagem supostamente feita pelo Exército na blitz.
""Ele pode até ter passado pela blitz, mas existem outras formas de parar um carro. Eles poderiam atirar no pneu do carro e não em cima dele. Por isso digo que ele foi assassinado."
O advogado afirmou que a família ainda não decidiu se vai entrar com uma ação judicial indenizatória contra o Estado do Rio e o Exército. ""Vou consultar meus irmãos para decidir. Espero que a justiça seja feita, que a consciência de alguém fale mais alto."
O enterro foi acompanhado por cerca de 50 pessoas. Além de Tiago, outros parentes do professor também consideraram errada a atitude do Exército.
""Ainda não conversamos sobre a morte dele. A versão que tenho é a mesma da TV. Acho que ele se assustou com a abordagem e, ao acelerar, foi assassinado", disse Helena Santos de Faria, sobrinha de Frederico, acrescentando que teria a mesma reação do tio.
""Se fosse comigo, teria feito igual. Se eu visse uma série de homens encapuzados e fortemente armados naquela área, eu dificilmente pararia", afirmou Helena. A esquina onde Frederico morreu é um dos locais mais violentos do bairro. De acordo com a sobrinha, o professor se preocupava com a escalada da violência na cidade e dificilmente saía à noite.
A namorada de Frederico, Rosângela Silva, compareceu ao enterro, mas preferiu não dar entrevista. Ela deverá depor na polícia nos próximos dias.
O relações-públicas da Polícia Militar, major Frederico Caldas, compareceu ao enterro, mas não quis dar declarações. Ele apenas disse que foi prestar solidariedade à família da vítima. Um dos irmãos do professor é coronel da PM. Ele também não falou com os jornalistas.


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