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Professor foi brutalmente assassinado, diz irmão
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O advogado Tiago Branco de
Faria disse ontem que o professor
de inglês Frederico Branco de Faria, seu irmão, foi ""brutalmente
assassinado" pelo Exército na
madrugada de anteontem.
""A única coisa que posso afirmar é que o meu irmão foi brutalmente assassinado. Estou perplexo com a barbaridade que foi cometida", disse o advogado, pouco
antes do enterro do corpo de Frederico, realizado ontem de manhã, no cemitério de Irajá (zona
norte do Rio).
Apesar de ainda não ter conversado com Rosângela Silva, que era
namorada de Frederico e estava
no carro, o advogado criticou a
abordagem supostamente feita
pelo Exército na blitz.
""Ele pode até ter passado pela
blitz, mas existem outras formas
de parar um carro. Eles poderiam
atirar no pneu do carro e não em
cima dele. Por isso digo que ele foi
assassinado."
O advogado afirmou que a família ainda não decidiu se vai entrar com uma ação judicial indenizatória contra o Estado do Rio e
o Exército. ""Vou consultar meus
irmãos para decidir. Espero que a
justiça seja feita, que a consciência
de alguém fale mais alto."
O enterro foi acompanhado por
cerca de 50 pessoas. Além de Tiago, outros parentes do professor
também consideraram errada a
atitude do Exército.
""Ainda não conversamos sobre
a morte dele. A versão que tenho é
a mesma da TV. Acho que ele se
assustou com a abordagem e, ao
acelerar, foi assassinado", disse
Helena Santos de Faria, sobrinha
de Frederico, acrescentando que
teria a mesma reação do tio.
""Se fosse comigo, teria feito
igual. Se eu visse uma série de homens encapuzados e fortemente
armados naquela área, eu dificilmente pararia", afirmou Helena.
A esquina onde Frederico morreu
é um dos locais mais violentos do
bairro. De acordo com a sobrinha, o professor se preocupava
com a escalada da violência na cidade e dificilmente saía à noite.
A namorada de Frederico, Rosângela Silva, compareceu ao enterro, mas preferiu não dar entrevista. Ela deverá depor na polícia
nos próximos dias.
O relações-públicas da Polícia
Militar, major Frederico Caldas,
compareceu ao enterro, mas não
quis dar declarações. Ele apenas
disse que foi prestar solidariedade
à família da vítima. Um dos irmãos do professor é coronel da
PM. Ele também não falou com os
jornalistas.
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