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FRAUDE
Tabeliães propõem criação de novos selos de autenticação e uso da cibernética para evitar falsificações
Cartórios querem melhorar segurança
da Reportagem Local
Os tabeliães paulistas estão dispostos a mudar o sistema de segurança dos documentos para garantir a credibilidade de seus serviços. Uma das propostas é o lançamento de novos tipos de selos.
O presidente do Sindicato dos
Notários e Registradores do Estado de São Paulo, Paulo Tupinambá Vampré, está propondo a mudança de todas as características
dos selos e de suas séries.
"O único problema disso é que
as quadrilhas vão continuar
atuando, e nós vamos ser mais assaltados", disse.
O Colégio Cartorial do Brasil
começou a estudar novos métodos de segurança, além dos selos.
"Por meio da cibernética, nós
vamos conseguir avançar na segurança", disse o presidente do
Colégio Notarial do Brasil em São
Paulo, Tullio Formicola.
Assinatura
Na avaliação de Formicola, entretanto, o método mais seguro é
o mais antigo: a assinatura. O Colégio também tem oferecido cursos de grafotécnica (estudo dos
estilos de escrita) para todos os tabelionatos.
"Os selos vieram a atrair ainda
mais a inventiva dos estelionatários, que geralmente são pessoas
muito inteligentes e altamente especializadas", disse. Para ele, "os
selos servem para autenticar a
ação de falsários".
Paulo Tupinambá Vampré é
considerado o ""pai" do sistema
de selos. O presidente do Sindicato dos Notários e Registradores
conta que, em 96, quando os cartórios só usavam carimbos e assinaturas para reconhecer documentos, seu cartório foi vítima de
um caso de falsificação.
Ele recebeu e reconheceu uma
carta de divórcio de Minas Gerais
que, depois, foi considerada falsa
pela Justiça de São Paulo. A carta
tinha sido montada em Minas e
excluía uma das partes de seu direito a diversos bens.
"Eu percebi como esses falsificadores são bem equipados. Fiquei apavorado com os recursos
que neles usam. Então comecei a
investigar algum sistema que fosse tão evoluído quanto os deles",
afirmou Vampré.
Na época, ele era presidente do
Colégio Notarial e pôde fechar a
proposta com a Corregedoria Geral da Justiça, que fiscaliza os cartórios.
A Corregedoria aprovou o novo
sistema, mas exigiu uma segunda
função para a adoção dos selos: o
controle sobre a arrecadação financeira dos cartórios.
"O sistema foi tão eficaz, que
passou a ser copiado por outros
Estados brasileiros", disse o juiz-assistente da Corregedoria Marcelo Fortes Filho.
Segundo Vampré, o sistema pode ser aperfeiçoado, mas nunca
coibirá completamente a ação dos
falsificadores. "Acredito que nada
pode impedir completamente a
falsificação no Brasil. Mas podemos melhorar nossa segurança",
disse o presidente do sindicato.
Os representantes da Arpen
(Associação dos Registradores de
Pessoas Naturais), que também
representa os cartórios paulistas e
teria que controlar a expedição de
selos, foram procurados pela Folha nos últimos três dias, mas não
se manifestaram.
Outras medidas
Alguns cartórios da cidade de
São Paulo também começam ampliar, por conta própria, os dispositivos de segurança dos documentos que emitem e também da
vigilância em seus prédios.
"O selo não é o único dispositivo de segurança de um documento. Estamos estudando 18 dispositivos novos", disse o 26º tabelião,
Paulo Roberto Ferreira, integrante do Colégio Notarial do Brasil.
Ferreira disse que os custos não
poderão ser repassados ao usuário. "Os preços são tabelados e
nós devemos investir em credibilidade, temos que ter segurança
dos nossos atos, pois prestamos
um serviço público", disse.
O tabelião do Cartório de Registro Civil de Itaquera, Francisco
Márcio Ribas, também defende a
ampliação dos dispositivos de segurança.
"Além disso, já passei a comprar o mínimo de selos por vez,
para não facilitar a vida dos assaltantes", afirmou.
(SA)
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