da Reportagem Local

Além do uso de selos roubados de cartórios, o Detran (Departamento Estadual do Trânsito) de São Paulo tem flagrado documentos que exigem autenticação com selos reutilizados.
Os falsificadores pegam documentos legais, com selos de reconhecimento de firma em cartório, e os reaplicam em seus documentos forjados.
A média de casos chega a 25 por mês, segundo a Delegacia de Crimes do Trânsito.
No total, são abertos por mês, em média, 36 inquéritos por causa de selos irregulares: 30% são de selos roubados e 70% reaproveitados, segundo o delegado Rafael Rabinovici.
Os flagrantes são feitos durante o simples processamento dos documentos que chegam ao Detran. Todos os dias, chegam 1.200 documentos diários que exigem reconhecimento de firma. Nesta semana, a 2ª Delegacia de Crimes de Trânsito prendeu, em frente ao Detran, uma mulher com 21 documentos "autenticados" com selos de cartórios reaproveitados.
A comerciante Adriana Cristina Caldana, 28, foi flagrada com 15 CRVs (Certificados de Registros de Veículos) e seis declarações. Uma delas estava em branco, mas com firma reconhecida.
Segundo a polícia, esse documento poderia servir para uma infinidade de finalidades, como a transferência de imóveis ou liberação de heranças. Os outros poderiam servir para vender veículos roubados ou alienados.
Neste ano foram feitos dez flagrantes semelhantes no Detran. Na avaliação da polícia, Adriana é uma agenciadora e atenderia despachantes da capital. Por causa disso, o sigilo telefônico de Adriana deve ser quebrado para que os envolvidos sejam identificados.
De acordo com o delegado-titular da 2ª Delegacia, Rafael Rabinovici, Adriana pode ser condenada por falsificação de selo ou sinal público e também por falsidade ideológica (artigos 296 e 299 do Código Penal). A pena varia entre dois e seis anos de reclusão, segundo ele.
Adriana se recusou a atender à Folha. Segundo seu advogado, Paulo Sérgio Vespoli, ela encontrou os documentos na rua e pretendia colocá-los no Correio, quando foi flagrada. (SA)

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