São Paulo, sábado, 06 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COLISÃO
Embarcação não tinha autorização para transportar passageiros; 15 pessoas ainda estão desaparecidas
Barco bate em balsas e 4 morrem no PA

EDUARDO SCOLESE
da Agência Folha

A colisão entre um barco e duas balsas deixou 4 mortos, 6 feridos e pelo menos 15 desaparecidos, no rio Macacos, em Breves (PA), na madrugada de ontem. O número exato de pessoas que estava no barco no momento do choque ainda é desconhecido.
Os nomes das vítimas -entre elas uma criança de 5 anos- não foram divulgados. Os documentos da maioria das pessoas se perderam nas águas do rio.
O barco de passageiros Rio Gion 2º, conhecido na região como "gaiola" (embarcação com dois andares), se dividiu em dois após colidir, por volta das 4h, com as balsas Coral e Danielle, da empresa Liconave -que faz transporte de madeira na região.
No momento do acidente, o "gaiola" -que viajava de Anajás a Breves (22 horas por via fluvial)- levava pelo menos 25 pessoas. Não havia rádio para comunicação no barco.
Os passageiros que dormiam em redes no porão da embarcação foram esmagados pelas balsas. Os que estavam na parte superior foram jogados para fora do barco. Alguns conseguiram nadar até as margens do rio. A profundidade do rio Macacos no local é de aproximadamente 30 metros.
De acordo com informações de alguns sobreviventes, não havia sinalização nas balsas -que navegavam em sentido oposto, em direção a Macapá (AP).
Funcionários da Liconave iriam recarregá-las com madeiras extraídas na região da ilha de Marajó. Após a colisão, os ocupantes do barco Bom Jesus do Parauau, que vinha atrás do Rio Gion 2º, ajudaram a socorrer as vítimas.
Os moradores da região também atuaram como voluntários no resgate antes da chegada de 30 funcionários da equipe de apoio da Prefeitura de Breves. O Corpo de Bombeiros de Belém chegou ao local do acidente apenas às 15h.
A direção do hospital para onde os feridos foram levados informou que ninguém corre risco de morte. "A situação não é grave. Eles estão apenas abalados emocionalmente por causa do acidente", disse o médico Aldo Costa.
O prefeito da cidade, Gervásio Bandeira (PMDB-PA), afirmou que o acidente de ontem foi o pior registrado nas proximidades do município nos últimos 25 anos.
"A cidade está toda mobilizada, com equipes médicas à disposição das vítimas. Assistentes sociais estão trabalhando no amparo das famílias dos mortos e dos desaparecidos", disse Bandeira.
O delegado de Breves deve abrir inquérito para apurar as causas do acidente. A Agência Folha entrou em contato com o escritório central da Liconave, em Belém, mas os responsáveis pela empresa -que não quiseram se identificar- disseram que só relatariam as causas da colisão por meio de um fax. Até as 19h, não houve resposta da empresa.

Registro
O barco Rio Gion 2º não possuía autorização para navegar e transportar passageiros, de acordo com os registros da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, com sede em Belém.
Ilesas no acidente, as balsas Coral e Danielle, da empresa Linonave, estavam devidamente cadastradas e com seus respectivos alvarás de segurança para navegação cadastrados na Capitania.
A Agência Folha conseguiu localizar o proprietário do barco Rio Gion 2º, João Apolônio Ferreira. Mas, dizendo estar abalado, ele não quis falar sobre o assunto.
Antes de uma embarcação ser liberada para navegar, inúmeros critérios são levados em consideração -como o tamanho, o local onde irá viajar, os equipamentos de segurança, entre outros.


Texto Anterior: Letras jurídicas - Walter Ceneviva: Juízes discutem criminalidade
Próximo Texto: Acidentes são comuns na região
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.