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COLISÃO
Embarcação não tinha autorização para transportar passageiros; 15 pessoas ainda estão desaparecidas
Barco bate em balsas e 4 morrem no PA
EDUARDO SCOLESE
da Agência Folha
A colisão entre um barco e duas
balsas deixou 4 mortos, 6 feridos e
pelo menos 15 desaparecidos, no
rio Macacos, em Breves (PA), na
madrugada de ontem. O número
exato de pessoas que estava no
barco no momento do choque
ainda é desconhecido.
Os nomes das vítimas -entre
elas uma criança de 5 anos- não
foram divulgados. Os documentos da maioria das pessoas se perderam nas águas do rio.
O barco de passageiros Rio
Gion 2º, conhecido na região como "gaiola" (embarcação com
dois andares), se dividiu em dois
após colidir, por volta das 4h, com
as balsas Coral e Danielle, da empresa Liconave -que faz transporte de madeira na região.
No momento do acidente, o
"gaiola" -que viajava de Anajás
a Breves (22 horas por via fluvial)- levava pelo menos 25 pessoas. Não havia rádio para comunicação no barco.
Os passageiros que dormiam
em redes no porão da embarcação foram esmagados pelas balsas. Os que estavam na parte superior foram jogados para fora do
barco. Alguns conseguiram nadar
até as margens do rio. A profundidade do rio Macacos no local é de
aproximadamente 30 metros.
De acordo com informações de
alguns sobreviventes, não havia
sinalização nas balsas -que navegavam em sentido oposto, em
direção a Macapá (AP).
Funcionários da Liconave iriam
recarregá-las com madeiras extraídas na região da ilha de Marajó. Após a colisão, os ocupantes
do barco Bom Jesus do Parauau,
que vinha atrás do Rio Gion 2º,
ajudaram a socorrer as vítimas.
Os moradores da região também atuaram como voluntários
no resgate antes da chegada de 30
funcionários da equipe de apoio
da Prefeitura de Breves. O Corpo
de Bombeiros de Belém chegou
ao local do acidente apenas às 15h.
A direção do hospital para onde
os feridos foram levados informou que ninguém corre risco de
morte. "A situação não é grave.
Eles estão apenas abalados emocionalmente por causa do acidente", disse o médico Aldo Costa.
O prefeito da cidade, Gervásio
Bandeira (PMDB-PA), afirmou
que o acidente de ontem foi o pior
registrado nas proximidades do
município nos últimos 25 anos.
"A cidade está toda mobilizada,
com equipes médicas à disposição das vítimas. Assistentes sociais estão trabalhando no amparo das famílias dos mortos e dos
desaparecidos", disse Bandeira.
O delegado de Breves deve abrir
inquérito para apurar as causas
do acidente. A Agência Folha entrou em contato com o escritório
central da Liconave, em Belém,
mas os responsáveis pela empresa
-que não quiseram se identificar- disseram que só relatariam
as causas da colisão por meio de
um fax. Até as 19h, não houve resposta da empresa.
Registro
O barco Rio Gion 2º não possuía
autorização para navegar e transportar passageiros, de acordo
com os registros da Capitania dos
Portos da Amazônia Oriental,
com sede em Belém.
Ilesas no acidente, as balsas Coral e Danielle, da empresa Linonave, estavam devidamente cadastradas e com seus respectivos alvarás de segurança para navegação cadastrados na Capitania.
A Agência Folha conseguiu localizar o proprietário do barco
Rio Gion 2º, João Apolônio Ferreira. Mas, dizendo estar abalado,
ele não quis falar sobre o assunto.
Antes de uma embarcação ser
liberada para navegar, inúmeros
critérios são levados em consideração -como o tamanho, o local
onde irá viajar, os equipamentos
de segurança, entre outros.
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