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EDUCAÇÃO
Projeto de lei prevê que fundo só irá beneficiar alunos de instituições de ensino que concederem benefício a carentes
MEC vincula financiamento a oferta de bolsa
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de receber críticas de entidades públicas e particulares, o
projeto de lei criando o Programa
Universidade para Todos (Prouni) será enviado ao Congresso nos
próximos dias vinculando o credenciamento de instituições de
ensino superior no Fies -o fundo de financiamento dos alunos- à concessão de bolsas integrais para estudantes carentes.
Além do Prouni, o governo enviará para votação o projeto de lei
que institui nas universidades federais o sistema de cotas. O texto
prevê reserva de 50% das vagas
dessas instituições para quem tenha cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.
Dentre essas, existe a previsão de
cotas para negros e índios.
As duas propostas fazem parte
de um "pacote" previsto pelo Ministério da Educação com o objetivo de aumentar a participação
de alunos carentes no ensino superior. Apenas 17,1% dos formandos no ano passado têm renda familiar per capita de até R$ 720, o
que representa três salários mínimos (considerando o valor anterior, de R$ 240).
A maior parte deles (44,5%) tem
renda entre R$ 721 e R$ 2.400. Os
dados são do questionário socioeconômico do extinto Provão, respondido em 2003 por 420 mil formandos de 26 áreas.
Segundo a Folha apurou, o texto que está na Casa Civil proíbe o
credenciamento no Fies de instituições de ensino superior que
não ofereçam, no mínimo, uma
bolsa integral a alunos com renda
familiar per capita de até um salário mínimo (hoje R$ 260) para cada nove matrículas.
O governo tem previsto no Orçamento deste ano R$ 829 milhões para aplicar no Fies. Novos
financiamentos serão concedidos
no segundo semestre. Se o texto
do Prouni for aprovado no Congresso até lá, os novos créditos serão enquadrados na regra.
O Universidade para Todos prevê a concessão de uma bolsa integral em instituições privadas para
estudantes sem curso superior e
cuja renda familiar não exceda
um salário mínimo per capita.
Caso o texto seja aprovado como
está, o estudante, para pleitear vaga no programa, usará o resultado
do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), ficando dispensado
de prestar vestibular.
As instituições com fins lucrativos que aderirem ao programa
oferecerão uma bolsa integral para cada nove estudantes matriculados. Em contrapartida, receberão isenção de quatro tributos.
Não poderão aderir instituições
com desempenho insuficiente no
sistema de avaliação.
Transição
Como regra de transição, o governo prevê a possibilidade de a
instituição oferecer bolsas aos
alunos já matriculados que sejam
atendidos pelo Fies ou que recebam algum tipo de benefício devido à condição socioeconômica.
O ministério estima que, caso
todas as instituições sem fins lucrativos optem pela adesão, o governo pode deixar de arrecadar
até R$ 260 milhões. À Presidência
da República, o ministério argumenta que a medida não implica a
utilização de recursos públicos.
Alega que a renúncia fiscal pode
ser compensada pela eventual arrecadação de tributos de instituições filantrópicas que quiserem
passar a ser "empresas".
Para as filantrópicas, o texto do
Universidade para Todos prevê
que a instituição de ensino superior poderá ser considerada beneficente de assistência social apenas se oferecer, no mínimo, uma
bolsa integral para cada quatro
alunos matriculados.
Essa exigência foi alvo de críticas, feitas pelos representantes de
instituições filantrópicas e expressas em um manifesto, onde alegam que a obrigatoriedade é inconstitucional.
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