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Seleção de cursinho é alvo de crítica
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades que atendem vestibulandos carentes criticam os critérios de seleção e o número reduzido de vagas oferecidas pelo cursinho pré-vestibular gratuito que
será criado pelo governo estadual
e pela USP na zona leste.
Para Sérgio José Custódio, do
MSU (Movimento dos Sem-Universidade), além de ser um "atestado de falência" do Estado em relação à qualidade do ensino médio, a iniciativa não assegura aos
carentes acesso à universidade
devido às poucas vagas ofertadas.
O MSU atende hoje 15 mil estudantes carentes em seus cursinhos gratuitos -5.000, de acordo
com a USP e o governo estadual.
"O que são 5.000 vagas para um
universo de 540 mil alunos que se
formam a cada ano na rede estadual?", questiona frei David Santos, da Educafro, ONG que atende
9.000 jovens em 161 cursinhos.
Além do reduzido número de vagas, ele critica certos critérios de
seleção -melhor desempenho e
maior freqüência às aulas. "Vão
selecionar a elite dos pobres."
O secretário-adjunto da Educação, Paulo Barbosa, discorda de
que o cursinho seja para preencher possíveis lacunas do ensino
médio e que seja excludente. O
governo, diz, pretende ampliar o
número de vagas em cursinhos
gratuitos para a rede pública, mas
isso depende de parcerias que
ainda serão fechadas com outras
universidades públicas.
Em protesto contra a criação do
cursinho popular, a Educafro realiza no próximo dia 13, às 17h,
uma manifestação em frente à faculdade de direito da USP. Haverá
70 alunos acorrentados -simbolizando os 70 anos da universidade- e outros 300 que devem dar
um abraço no prédio.
Além disso, Santos avalia que a
USP, anunciando esse tipo de iniciativa, evita o debate da reserva
de vagas para negros. "Precisamos de cotas para corrigir essa
imensa desigualdade", afirma, referindo-se ao fato de só 1,3% dos
alunos da USP serem negros.
O reitor da USP, Adolpho José
Melfi, afirma que a criação do cursinho popular não exclui a realização de outras possíveis ações
afirmativas pela universidade, como a reserva de vagas para estudantes carentes.
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