São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2004

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Seleção de cursinho é alvo de crítica

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades que atendem vestibulandos carentes criticam os critérios de seleção e o número reduzido de vagas oferecidas pelo cursinho pré-vestibular gratuito que será criado pelo governo estadual e pela USP na zona leste.
Para Sérgio José Custódio, do MSU (Movimento dos Sem-Universidade), além de ser um "atestado de falência" do Estado em relação à qualidade do ensino médio, a iniciativa não assegura aos carentes acesso à universidade devido às poucas vagas ofertadas.
O MSU atende hoje 15 mil estudantes carentes em seus cursinhos gratuitos -5.000, de acordo com a USP e o governo estadual.
"O que são 5.000 vagas para um universo de 540 mil alunos que se formam a cada ano na rede estadual?", questiona frei David Santos, da Educafro, ONG que atende 9.000 jovens em 161 cursinhos. Além do reduzido número de vagas, ele critica certos critérios de seleção -melhor desempenho e maior freqüência às aulas. "Vão selecionar a elite dos pobres."
O secretário-adjunto da Educação, Paulo Barbosa, discorda de que o cursinho seja para preencher possíveis lacunas do ensino médio e que seja excludente. O governo, diz, pretende ampliar o número de vagas em cursinhos gratuitos para a rede pública, mas isso depende de parcerias que ainda serão fechadas com outras universidades públicas.
Em protesto contra a criação do cursinho popular, a Educafro realiza no próximo dia 13, às 17h, uma manifestação em frente à faculdade de direito da USP. Haverá 70 alunos acorrentados -simbolizando os 70 anos da universidade- e outros 300 que devem dar um abraço no prédio.
Além disso, Santos avalia que a USP, anunciando esse tipo de iniciativa, evita o debate da reserva de vagas para negros. "Precisamos de cotas para corrigir essa imensa desigualdade", afirma, referindo-se ao fato de só 1,3% dos alunos da USP serem negros.
O reitor da USP, Adolpho José Melfi, afirma que a criação do cursinho popular não exclui a realização de outras possíveis ações afirmativas pela universidade, como a reserva de vagas para estudantes carentes.


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